quinta-feira, 20 de maio de 2010

Em Porto Alegre, gays protestam contra arcebispo que associou gays a pedófilos

Entidades condenaram a comparação feita pelo arcebispo entre os homossexuais e os pedófilos

Enquanto dezenas de defensores dos direitos de gays protestavam ontem contra as declarações do arcebispo dom Dadeus Grings, um pequeno grupo rezava o terço em frente à Catedral Metropolitana, na Capital. Em silêncio e concentrados, eles simbolizavam um contraponto à polêmica que começou no dia 4, quando Dadeus relacionou homossexualidade com pedofilia, enfurecendo os movimentos dos direitos sexuais.

– Não estamos aqui contra o ato, vim aqui como católico, defender nossos ideais e também para rezar por eles – afirmou o estudante de Jornalismo Darlan Schwaab.

O manifesto começou próximo ao meio-dia, quando cerca de 70 integrantes de diversos movimentos em defesa dos direitos dos gays e das lésbicas protestaram por cerca de uma hora. A mobilização é reflexo da declaração feita pelo arcebispo na abertura da assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Brasília, quando ele afirmou que a conquista de direitos pelos homossexuais poderia levar a sociedade a discutir possível tratamento semelhante aos pedófilos. O religioso também manifestou que “a sociedade é pedófila” e “o adolescente é espontaneamente homossexual”, frases que correram o mundo.

Para o coordenador do Nuances, Célio Golin, a fala do arcebispo é simbólica pelo poder que ele representa. Segundo ele, declarações desse tipo refletem o estigma e o preconceito que os homossexuais sofrem na sociedade.

– Esse tipo de discurso alimenta e reforça a violência – sentencia Golin.

Empunhando uma bandeira do arco-íris de aproximadamente sete metros por cinco e gritando frases como “A nossa luta é todo dia para acabar com a homofobia”, os militantes chamavam a atenção de quem passava pelo local. Ana Naiara Malavolta, representante da Liga Brasileira de Lésbicas, diz que declarações como as do arcebispo incentivam o ódio:

– O que não aceitamos é que declarações em nome da religião incentivem o preconceito.

O coordenador do Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade, Gustavo Bernardes, defendeu a necessidade de desvincular o movimento gay da pedofilia. Também participaram do ato os grupos Identidade, Mulheres Rebeldes, Marcha Mundial de Mulheres e Ação Antissexista. Procurado por ZH, dom Dadeus não comentou o protesto.

fonte: Zero Hora

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