sábado, 18 de maio de 2013

“Salve Jorge” chega ao fim contribuindo para desmitificar imagem de travestis

Estreante, Thammy Miranda ganhou espaço dentro da trama

Salve JorgeJustamente no Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia, 17 de maio, chega ao fim a novela global “Salve Jorge”, escrita por Gloria Perez e cheia de personagens LGBT. Críticas à veracidade da história à parte, Gloria colocou no ar travestis, lésbicas e gays e de quebra abordou ainda o tema do tráfico de pessoas trans para serem exploradas sexualmente no exterior. Só para lembrar, a mesma autora foi a mais corajosa dentro da Globo na questão beijo gay, chegando a filmar a cena (que não foi ao ar) em sua trama “América” (2005).

Muitas são as críticas à novela, principalmente sobre todo mundo falar português na Turquia e os personagens fazerem uma viagem Brasil-Turquia e vice-versa em um piscar de olhos -, mas é preciso lembrar que se trata de ficção, uma obra cheia de licença poética. Afora isso, Gloria deu uma grande contribuição à comunidade LGBT destacando o drama de travestis que são enganadas pela máfia do tráfico.

Com a promessa de terem suas cirurgias de readequação sexual financiadas gratuitamente, além de ganharem muito dinheiro com shows artísticos no exterior, personagens travestis permearam a trama com toque de humanidade. Talvez a principal delas tenha sido Anita (Maria Clara Spinelli), que é enganada por Wanda (Totia Meirelles) para ser levada à Turquia.

O elenco conta ainda com Patrícia Araújo e shows de travestis na boate turca que explora as meninas. Tudo mostrado com o tom devido de crueldade, de escravidão, levando para longe a imagem de que, se apropriando do famoso bordão, travesti é bagunça. Elas não são as vilãs da trama, são as vítimas, sofrem dramas que são – infelizmente – muito reais. Gloria poderia ter focado apenas no tráfico de mulheres, mas ousou ao levar ao ar no horário nobre global travestis sonhadoras, gente de verdade.

Impossível não destacar ainda a atuação surpreendente de Thammy Miranda, que passou boa parte da novela com seu look masculino observado também na vida real. A autora poderia ter transformado a imagem de Thammy, a policial Jo, mas não o fez, teve a coragem de colocar no ar uma mulher masculina, quebrando padrões de gênero construídos ao longo de anos.

Thammy não ficou legada ao papel de escada – aquele personagem que serve apenas para que outro, mais importante, diga suas falas, atue na história. Ela foi ganhando cada vez mais espaço e se tornou peça-chave na investigação da delegada Helô (Giovanna Antonelli) para destruir a rede de tráfico Brasil-Turquia.

Foi Thammy também a responsável por uma das mais comentadas cenas de “Salve Jorge”, quando sobe ao palco da boate turca com visual totalmente feminino para dançar a “Conga” de sua mãe na vida real, Gretchen. Quem apostava que seria uma permanente feminilização da personagem errou quando foi ao ar o capítulo da última quinta-feira, 16 de maio, e Jo estava novamente com seu visual Joãozinho conversando com Helô em um bar na Turquia.

É de se elogiar também que em momento algum Gloria Perez fugiu das críticas e discussões sobre sua história, respondendo a todos os espectadores que chegavam até ela pelo Twitter – ao contrário de outros autores, que se fazem de desentendidos e não respondem quem assiste suas tramas. Licenças poéticas à parte, “Salve Jorge” termina como a novela com maior número de personagens trans e como a trama que mais humanizou essas pessoas.

Agora é esperar a segunda-feira, 20 de maio, com a estreia de “Amor à Vida”, de Walcyr Carrasco, com nada menos do que três galãs interpretando gays (Marcelo Anthony, Thiago Fragoso e Matheus Solano), com direito a abordar paternidade homoafetiva e valores morais de um ser humano como qualquer outro.

fonte: MixBrasil

Daniela Mercury pede prisão para homofóbicos

Daniela MercuryDesde que se tornou uma referência na defesa das pessoas de condição sexual diferente, a cantora Daniela Mercury fala com entusiasmo da causa ao ponto de sugerir a prisão para homofóbicos.

A declaração foi feita em São Paulo, onde foi estrela da Virada Cultural, quando disse, em entrevista para o portal UOL, que “pros homofóbicos, prisão”.

A cantora também confirmou a sua contratação para cantar durante o desfile da Parada Gay da cidade e aconselhou as pessoas que são vítimas do preconceito. “Sejam altivos, plenos, exuberem” ressaltou.

fonte: Toda Forma de Amor

França: Presidente assina lei que permite casamento gay

Lei foi aprovada pelo Conselho Constitucional francês nesta sexta. Ela havia passado no Parlamento em 23 de abril, após intensos debates.

François HollandeO presidente francês, François Hollande, sancionou lei que permite união entre pessoas do mesmo sexo, tornando a França o 14º país do mundo a legalizar o casamento gay.

O diário oficial da França publicou neste sábado a lei assinada por Hollande depois que o Conselho Constitucional do país aprovou a legislação na sexta-feira.

A lei, uma promessa de campanha do presidente socialista, vinha sendo duramente contestada há meses por muitos conservadores na França, onde a aprovação do casamento gay é uma das maiores reformas sociais desde a abolição da pena de morte em 1981.

Opositores promoveram grandes e violentos protestos contra a lei e convocaram outra manifestação para 26 de maio. O líder da oposição ao casamento gay, um ativista político e humorista que atende pelo nome de Frigide Barjot, tem afirmado que o protesto vai levar milhões às ruas do país.

A prefeita de Montpellier, Helene Mandroux, que celebrará o primeiro casamento gay da França em 29 de maio, afirmou que a aprovação da lei marca um grande avanço social.

"O amor venceu sobre o ódio", disse ela, apesar de expressar preocupações de que o primeiro casamento gay atraia protestos violentos.

A França, um país predominantemente católico, segue assim 13 outras nações incluindo Canadá, Dinamarca, Suécia e mais recentemente Uruguai e Nova Zelândia na permissão à união legal de casais do mesmo sexo.

Com índices de aprovação baixos, a lei se mostrou custosa ao presidente francês, com críticos afirmando que ela distraiu sua atenção dos esforços para a recuperação da economia atingida pela recessão.

fonte: G1

Espírito Santo: Gay adota neta de traficantes e menina torna-se Mini Miss Brasil

Antes da conquista, garota viveu o drama de perder a visão do olho direito. Para a capixaba Ana Clara, superação deve-se ao carinho do pai adotivo.

Ana Clara FerraresA rotina de preparação para concursos de beleza e ensaios fotográficos passa longe da vida que Ana Clara Ferrares, de 10 anos, levava há apenas dois anos. A estudante é neta de traficantes presos no Espírito Santo e enfrentou a perda da visão do olho direito em um acidente. Hoje, ela se define como uma criança feliz, após ser adotada aos oito anos pelo missólogo Guto Ferrares, que é homossexual. Em abril deste ano, ela foi eleita Mini Miss Brasil Oficial 2013, em concurso realizado em São Paulo, uma conquista que a menina levou para o pequeno município de Aracruz, no Espírito Santo.

No Espírito Santo, a oportunidade que Ana Clara teve é bem diferente da realidade de crianças com mais de três anos que esperam para ser adotadas. Em todo o estado, segundo o Tribunal de Justiça (TJ-ES), 132 crianças e adolescentes esperam por um novo lar e o número de pretendentes habilitados passa de 750, mas em geral, a adoção de recém-nascidos e menores de dois anos é preferência entre esses pais. Para incentivar essa ação, foi criada a I Campanha de Incentivo à Adoção Tardia, no município da Serra, na Grande Vitória, que acontece de 19 a 24 de maio.

O pai adotivo Guto Ferrares, de 25 anos, contou que os pais biológicos da filha eram foragidos da polícia e ela morava com os avós, em Colatina, no Noroeste do estado, mas eles tinham envolvimento com o tráfico de drogas e foram presos. Ana Clara acabou morando com vizinhos por algum tempo.

Mas as dificuldades não pararam por aí. "Quando ela morava no bairro São Judas Tadeu, em Colatina, um bandido da comunidade foi preso e os moradores resolveram soltar fogos para comemorar. Um dos foguetes caiu em cima da casa que ela morava e o telhado explodiu. Um pedaço bateu direto no olho direito dela e a cegou", contou Guto.

A história de Ana Clara chegou aos ouvidos do pai adotivo através de uma amiga da mãe dele, que é moradora de Colatina. Guto contou que se comoveu com a história e como já tinha vontade de ser pai, mas nenhuma pretensão de se casar, resolveu ver se havia alguma maneira de adotar a garota. "Três meses depois do acidente, a menina fez uma cirurgia no olho e foi nesse dia que a gente se conheceu. Fui bem devagar com ela, de início não falei que eu a adotaria, falei que era um amigo e que ela passaria uns dias comigo, para ver se gostava", lembrou.

Para a garota, as dificuldades foram superadas com a ajuda de um grande aliado: o carinho do pai adotivo. “A adaptação foi fácil porque a minha nova família me recebeu de um jeito muito carinhoso, muito diferente do que eu recebia na vida que tinha antes. Com meu pai foi ainda mais especial, porque na verdade eu nunca conheci meu pai biológico. Ele é a pessoa mais importante da minha vida e hoje tenho uma família completa”, disse a menina.

Guto, que é homossexual, chegou a pensar que seria difícil explicar para Ana Clara que era um pouco diferente da maioria dos pais. "No início, ela não sabia o que era gay. Expliquei à ela que era um pouquinho diferente do que ela estava acostumada a ver, que não namoraria uma mulher. Acredito que a criança é o que os pais passam para ela, adquire valores. Eu sou um pai bem rígido, quero o melhor para ela, portanto em casa não existe preconceito e nem falta de educação", falou.

Guto e Ana Clara 02Ajuda para recomeçar
A menina simpática, descontraída e vencedora de concursos de beleza chegou à casa de Guto totalmente retraída, sem conseguir conversar muito com as pessoas. O pai, então, procurou uma ajuda psicológica para ajudar a filha a superar os traumas de infância.

"Hoje ela é uma criança totalmente diferente, bem resolvida. Na verdade, ela fez um tratamento psicológico só por seis meses, foi uma espécie de preparação para a nova vida, um empurrão. Ela realmente deixou tudo o que viveu para trás, foi muito forte, e passou a me tratar como se eu sempre tivesse sido o pai dela", contou Guto Ferrares.

Guto também comentou as mudanças que a paternidade trouxe para sua vida:

"Eu não paro para pensar que eu fiz parte da evolução dela, penso no que construímos juntos, que ela tornou minha vida mais especial. Hoje ela trata a dificuldade da visão como superação, encara a diferença dela como algo positivo, isso é maravilhoso."

Mini Miss Brasil
Já adaptada à nova casa, Ana Clara Ferrares contou ao pai que sempre teve o sonho de ser modelo, mas se considerava aleijada por ser cega de um olho. O apoio e o conhecimento de Guto foram essenciais para que a menina não desistisse de suas ambições. "Sou missólogo, um preparador de beleza de misses e misters, então tive segurança para conversar com ela sobre isso. Expliquei que ela não era aleijada, que era bonita e poderia ser o que quisesse. Contei que existem modelos de todos os tipos, até mesmo uma que é surda", explicou.

Um dia, a menina pediu para começar a competir em concursos de miss, acreditando que o pai seria o primeiro a apoiá-la, mas essa não a primeira reação. "Tinha medo que ela perdesse algum concurso e ficasse para baixo, não queria vê-la sofrer. Mas ela cabou contando tudo para a psicóloga dela, que me 'deu um puxão de orelha', falou que seria importante para ela", disse.

Desde então, a garota passou a colecionar títulos. Em 2011, ela ganhou o Mini Miss Espírito Santo 2012. No ano seguinte venceu o Mini Miss Brasil Fotogenia 2013 e foi chamada para a seleção do Mini Miss Espírito Santo Oficial, que também venceu. No dia 27 de abril deste ano, ela ganhou o Mini Miss Brasil Oficial e agora vai disputar, na categoria dela, o concurso de Miss Universo em Buenos Aires, no fim deste ano.

Ana Clara gostou tanto da experiência que agora faz parte de seus projetos para o futuro continuar desfilando. "Eu descobri que adoro participar de concursos e desfiles e quero seguir uma carreira."

Guto e Ana ClaraAdoção tardia
Segundo a juíza da Vara da Infância e Juventude da Serra, Gladys Pinheiro, as pessoas dispostas a adotar querem recém-nascidos ou bebês. “Nossa cultura já está mudando, mas ainda precisamos trabalhar e repercutir a importância dessa ação com as crianças mais velhas e os adolescentes. Geralmente, elas costumam ficar em abrigos até atingirem a maioridade”, disse.

Mas essas situação não se encaixa no caso de Guto e Ana Clara. Foi de uma relação inical de amizade que surgiu o amor de pai e filha, sem se importarem se não tinham o mesmo sangue. A idade da menina, então com oito anos, não foi um empecilho. "O melhor de ser pai é poder passar todo o meu carinho e o amor para ela, e esses sentimentos não medem idade e nem deixam espaço para preconceitos", disse.

fonte: G1

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