sábado, 26 de março de 2011

SUS fará primeira cirurgia de mudança de sexo em transexual feminino

Xande dos Santos será 1ª brasileira a passar por operação de mudança de sexo paga pelo SUS. Há 15 anos, intervenção podia ser considerada crime

Xande transexualNo início do próximo mês, a autônoma Alexandra Peixe dos Santos, de 38 anos, vai se deitar em uma mesa cirúrgica do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, para se submeter a um procedimento pouco comum, que deve durar duas horas. Do centro cirúrgico, sairá diferente: sem útero, ovários e trompas. Em data ainda a ser definida, passará pela extração das mamas. Os procedimentos constituem o passo mais contundente da transformação de Alexandra em Alexandre, ou Xande, primeiro transexual feminino do país a realizar uma cirurgia de mudança de sexo custeada pelo Sistema Único de Saúde – entre os homens, a prática existe desde 2008. Cada intervenção para retirada dos órgãos reprodutivos femininos (histerectomia total) e da mama (mastectomia) vai custar aos cofres públicos 717,90 reais e 462,80 reais, respectivamente.

Para Xande, a realização da cirurgia representa o último ato de uma peça ruim, em que ele – Alexandra faz questão de ser tratada pelo pronome masculino – encarna o personagem errado. "Desde criança, me entendo como menino", diz. Cedo, refutou o nome Alexandra: preferia Júnior. No primeiro dia de aula, foi parar na fila dos meninos. "Eu não entendia por que meu lugar era junto às meninas." A escola, aliás, foi o principal palco do descompasso com o corpo nos primeiros anos. Nas aulas de educação física, a menina queria compor o time de futebol – exclusividade masculina. "Era difícil até mesmo ir ao banheiro: a qual eu deveria ir?", lembra. O drama do personagem bipartido cresceu à medida que seu corpo se desenvolvia. A partir da adolescência, com as mudanças próprias da fase, tudo se complicou. Com um instrutor de uma academia de ginástica, teve acesso a hormônios masculinos, que engrossaram a voz, interromperam a menstruação e fizeram nascer pelos no rosto. Sem a devida orientação médica, acabou impondo mais dor ao corpo que queria transformar. "Tomei doses excessivas de hormônios e sofri dois derrames em menos de quinze dias", diz.

Para a medicina, a cirurgia também é o desenlace de um drama. Em 1975, quando a primeira operação desse tipo veio a público, o médico responsável pelo feito, o cirurgião plástico Roberto Farina, chegou a ser condenado por lesão corporal grave, enquadrado no Código Penal Brasileiro. Quem quisesse se submeter ao procedimento, portanto, tinha de fazê-lo de forma clandestina, ou viajar a países com tradição no assunto, caso de Tailândia, Grã-Bretanha, Marrocos e Equador. Mas a demanda pelas intervenções fez com que os profissionais de saúde paulatinamente repensassem suas posições. Em 1997, a cirurgia foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em caráter experimental. No ano seguinte, o urologista Carlos Cury, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, realizou as primeiras operações: no mesmo dia, retirou o órgão genital de dois homens. Em 2002, a prática deixou de ser experimental. Por fim, em 2008, o Ministério da Saúde deu ao tema status de questão de saúde pública, ao assumir os custos da cirurgia de mudança de sexo entre homens e, no final do ano passado, entre mulheres. É o fim de um ciclo.

Transtorno, não doença
A incompatibilidade entre corpo e mente não é uma peculiaridade de Xande. Segundo Luis Pereira Justo, psiquiatra do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids (CRT), da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, a incômoda sensação de ocupar a estrutura física errada é comum aos transexuais. "A pessoa sente vergonha, constrangimento e, muitas vezes, não consegue nem ao menos saber quem na verdade é. Não é uma questão de comportamento sexual, mas de identidade de gênero", diz. "Trata-se de um transtorno de gênero, não uma doença." Em meio à turbulência, a identificação se faz, então, com o papel socialmente apropriado ao sexo oposto. Isso, defende o psiquiatra, acarreta pressões psicológicas, familiares e sociais, já que não se corresponde ao figurino esperado. Para alguém como Xande, possuir seios é um transtorno. Cultivar a barba, um desejo. É algo completamente distinto da homossexualidade. "Nela um homem, por exemplo, se aceita enquanto homem, mas seu desejo sexual recai sobre outro homem. Já o transexual não aceita o corpo que tem, não se vê refletido nele. Essa condição é entendida como uma patologia pela Organização Mundial da Saúde", diz Quetie Mariano Monteiro, psicóloga do Departamento de Sexologia do Hospital Pérola Byington.

Esse é o perfil das centenas de transexuais que aguardam na fila de espera pela mudança no corpo. Só no Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, do CRT de São Paulo, foram 580 atendimentos desde 2009, ano da inauguração do serviço – apenas 31 são transexuais femininos, como Xande, que passou por ali. O CRT é responsável no estado por emitir os laudos que autorizam a cirurgia bancada pelo SUS. É uma exigência do Conselho Federal de Medicina. Sem o documento, a operação, custeada com dinheiro público ou privado, é proibida. Há mais três centros de triagem no país. O de Porto Alegre já registrou 250 interesssados e interessadas na cirurgia desde 1999.

A emissão do laudo encerra um processo que se estende por dois anos, durante os quais as condições físicas, mentais, sentimentais e sociais do candidato à cirurgia são esquadrinhadas até semanalmente por psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas e assistentes sociais. O objetivo é rastrear pistas que permitam prever casos em que o paciente não está preparado para o procedimento cirúrgico e tudo o que ele acarreta. Um diagnóstico errado de transexualismo pode, como é fácil prever, desencadear problemas irreversíveis e há até registros de suicídio. "O acompanhamento do candidato até a cirurgia é um processo longo e delicado", define Maria Filomena Cernicchiaro, diretora do CRT.

Até mesmo os profissionais de saúde ainda se adaptam aos procedimentos necessários envolvidos. A equipe do Hospital Pérola Byington, por exemplo, onde será feita a cirurgia de Xande, passou por um treinamento especializado, com o objetivo de realizar duas intervenções mensais. "A saúde pública tem de se preparar para atender os transexuais", diz a chefe do Departamento de Sexologia da instituição, Tânia Mauadie Santana. No caso do procedimento em sentido inverso – do sexo masculino para o feminino –, há mais expertise: desde agosto de 2008, 84 cirurgias já foram realizados pelo SUS, ao custo total de 109.200 reais. "O estado arca com a cirurgia porque o transtorno implica sofrimento e incapacitação para essas pessoas", diz Justo.

Acompanhamento familiar
Em sua longa jornada rumo ao ato final, Xande não conta apenas com a companhia dos profissionais de saúde e assistência social. A seu lado, estão a filha, Bruna, de 19 anos, a irmã, Celine, e a namorada, M., de 40, que prefere não revelar sua identidade. M. está com Xande há quatro anos, aguarda a operação com ansiedade e não esconde que o procedimento trará alívio para ambos. "Hoje, não somos vistos como um casal heterossexual, porque, em geral, as pessoas não compreendem o que é a transexualidade", diz. "Ele nasceu num corpo inadequado, e a cirurgia vai tirar dos ombros dele um peso desnecessário."

Bruna é fruto de uma relação de Xande com um amigo. "À época, minha companheira não podia engravidar. Então, tive uma relação com esse amigo. Tudo foi planejado", conta Xande. "Como era esperado, sofri com mudanças no corpo e não consegui amamentá-la. Mas valeu muito a pena." "Pai" e filha terão de enfrentar os trâmites legais brasileiros. Com o laudo do transexualismo em mãos, Xande já deu entrada no processo para mudança de nome. Depois da aprovação por um juiz, passará oficialmente a se chamar Alexandre Peixe dos Santos. Mas os documentos de Bruna não poderão ser mudados – ou seja, Alexandra continuará sendo legalmente sua mãe. É uma situação insólita. Segundo Sérgio Eduardo Fisher, vice-presidente da OAB do Rio de Janeiro e especialista em direito de família, à luz da lei, os dados relativos à filiação dos brasileiros são imutáveis em documentos nacionais. "Essa informação só pode ser alterada em casos de investigação de paternidade e adoção. Em situações de transexualismo dos genitores, não", diz. É um caso em que os avanços da medicina ainda não foram acompanhados pelas mudanças na lei.

fonte: Veja

Levantamento revela os hábitos de baladas de gays, lésbicas e bissexuais no Brasil

Estudo com 1,7 milhão de pessoas mostra dados sobre festas

Primeiro site voltado para gays, lésbicas e bissexuais da América Latina, o G Encontros acaba de realizar um levantamento inédito que revela com que frequência esse público costuma sair. Do total de 1,7 milhão de pessoas cadastradas, 24,1% costumam badalar uma vez por semana, 21,4% mais de duas vezes por semana, 9,5% de três a quatro vezes por semana e 1,9% todos os dias. O mais curioso é que as mulheres lideram a lista. Entre elas, 62,5% saem toda semana.

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Segundo Claudio Gandelman, presidente do Match Latam, empresa proprietária dos sites G Encontros, ParPerfeito e Divino Amor, os dados mostram que os gays, lésbicas e bissexuais gostam de sair, mas, independente da frequência, eles sabem que a internet é uma ferramenta poderosa para encontrar parceiros adequados aos seus perfis.

— O nosso objetivo é unir pessoas com os mesmos objetivos, pois em uma relação não existe certo e errado, apenas dois indivíduos que buscam a felicidade — diz.

fonte: Zero Hora

Pernambucano lança livro sobre Fernando Pessoa e diz que ele era gay

Mas não existem provas

Fernando PessoaDesde que leu, 1966, o poema “Tabacaria” de Fernando Pessoa (1888-1935), o advogado pernambucano José Paulo Cavalcanti Filho dava início a trajetória de conhecimento da obra a vida do escritor português.

Ele dedicou oito anos de pesquisa sobre Pessoa, o que resultou no livro “Fernando Pessoa: Uma (quase) Biografia”. Com quatro viagens a Portugal, centenas de documentos lidos e entrevistas feitas com parentes e amigos, o advogado se tornou, no Brasil, uma das pessoas mais indicadas para falar da vida do escritor.

Com a pesquisa, Cavalcanti Filho descobriu que o escritor encarnava um total de 127 pessoas, os chamados heterônimos “nome imaginário que um criador identifica como autor de suas obras”.

A vida sexual de Pessoa ainda é uma dúvida porque não existem provas da sexualidade dele. No entanto, para o advogado, o escritor era gay. A certeza é a de que o escritor tinha uma vida misteriosa. Com 127 heterônimos, o próprio Pessoa escreveu: “Sabes quem sou eu? Eu não sei”.

fonte: Toda Forma de Amor

São Paulo: Ativista de movimento gay diz ter sido agredido por skinheads

Ataque ocorreu em posto de combustível na Rua Augusta. Vítima quer que caso seja investigado por delegacia especializada.

Guilherme RodriguesMais um ataque a um gay foi registrado na região da Rua Augusta na madrugada de terça-feira (23). Ativista do movimento LGBT e militante político, o professor de inglês e estudante de letras Guilherme Rodrigues, de 23 anos, foi agredido por quatro rapazes em um posto de combustível na esquina da Augusta com a Rua Peixoto Gomide, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Dois dos agressores, segundo Rodrigues, pelas características, seriam integrantes do grupo skinheads, conhecido pela intolerância.

“Eu vi que eles iriam agredir um casal homossexual e parei para ver o que iria acontecer. Não falei nada e nem tive qualquer reação. Eles me viram e vieram na minha direção. Me deram cabeçadas, me agrediram. Só pararam quando os funcionários do posto interferiram”, relatou o estudante.

Segundo ele, os quatro rapazes continuaram o ameaçando mesmo depois que um carro da polícia parou para conter as agressões. Guilherme disse que relatou a uma policial militar o ocorrido e manifestou a sua intenção de fazer um boletim de ocorrência. A reação da policial o surpreendeu. “Ela tentou me dissuadir de fazer o boletim. Ela disse que depois que fôssemos liberados, eu e os quatro que me agrediram, seria cada um por si”, contou.

peixoto augustaNo 4º DP, na Consolação, região central de São Paulo, a mesma policial, de acordo com Rodrigues, afirmou aos funcionários do plantão que os quatro agressores também iriam registrar um boletim de ocorrência. “Ela disse que eu dei em cima deles e que eles também teriam direito de fazer um boletim. Só mudaram de ideia quando um funcionário do posto testemunhou a meu favor”, disse. Os quatro rapazes foram indiciados por injúria, ameaça e lesão corporal.

Rodrigues, no entanto, quer que o caso seja investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, onde esteve na tarde desta sexta-feira (25). O objetivo é tratar a agressão que sofreu como um caso de delito de intolerância contra homossexuais. Além disso, o movimento LGBT programou um ato para as 14h de segunda-feira (28) em frente ao 4º DP para entregar o laudo do Instituto Médico Legal (IML) do exame de corpo de delito ao qual se submeteu.

Guilherme Rodrigues 2Como ativista do movimento gay, Rodrigues vê o medo tomar conta da região da Rua Augusta. “Há um mês participei de um protesto contra a violência que os homossexuais vêm sofrendo na região. E agora eu fui vítima desta mesma violência. Moro ali perto e agora tive de sair da minha casa e ir morar com um amigo. E eu que fui o agredido”, disse.

Um dos suspeitos pelas agressões, um jovem de 18 anos, também foi à delegacia, acompanhado do pai, prestar depoimento. A polícia ainda aguarda que outros três jovens que teriam participado do ataque se apresentem para prestar depoimento.

Outros casos
No dia 14 de novembro de 2010, quatro menores de 18 anos e um maior de idade agrediram pedestres na Avenida Paulista. Eles chegaram, inclusive, a desferir golpes com lâmpadas fluorescentes em uma das cinco vítimas do grupo. Para a polícia, a motivação dos ataques foi homofobia. No dia 4 de dezembro, o operador de telemarketing Gilberto Tranquilini da Silva e um colega dele, ambos de 28 anos, foram vítimas de uma agressão nas proximidades da Estação Brigadeiro do Metrô, também na Avenida Paulista. Eles disseram à polícia que o ataque foi motivado por homofobia.

No dia 25 de janeiro deste ano, um estudante de 27 anos afirmou que ele e um amigo foram vítimas de um ataque homofóbico na Rua Peixoto Gomide, quase na esquina com a Rua Frei Caneca, quando levou uma garrafada no olho direito.

fonte: G1

Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT será relançada na terça (29)

A Frente Parlamentar  Mista pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) será relançada na próxima terça-feira (29), às 14 horas, no Salão Nobre da Câmara, com a presença da ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves.

Segundo a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), 171 parlamentares se integraram à frente, que busca igualdade de direitos para todos os cidadãos, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

O convite para o evento é assinado pelos deputados Jean Wyllys (Psol-RJ), Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), Erika Kokay (PT-DF), Fátima Bezerra (PT-RN), Janete Rocha Pietá (PT-SP), Artur Bruno (PT-CE) e Dr. Rosinha (PT-PR) e pelas senadoras Marta Suplicy (PT-SP), Marinor Brito (PSOL-PA) e Lídice da Mata (PSB-BA).

Presença internacional
De acordo com a ABGLT, parlamentares da Espanha e Argentina comparecerão ao evento. São aguardados o vereador de Madri Pedro Zerolo, que também é assessor do presidente da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e a deputada federal argentina Vilma Ibarra, coautora, junto com a ex-deputada Silvia Augsburger, da "lei de matrimônio igualitário" argentina.

Também confirmaram presença militantes dos direitos humanos da Argentina, país cujo Congresso aprovou em 2010 a igualdade no acesso ao casamento civil para todos os cidadãos. A Espanha também tem igualdade no casamento desde 2005.

fonte: Agência Câmara de Notícias

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