segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Programa de computador identifica Gays

Carter Jernigan e Behram Mistree, dois estudantes do Massachusetts Institute of Techonology (MIT) fizeram uma descoberta surpreendente simplesmente olhando fotos em redes de amizades na Internet. Eles analisaram páginas de relacionamento de amigos e conseguiram descobrir entre os homens, quem é gay e quem não é.

O conceito é simples: se a maioria dos seus amigos tem 45 anos, você não é mais um adolescente; ou, se grande parte dos seus conhecidos na rede fazem parte de uma igreja evangélica, há grandes chances que você também faça. Logo, se você é gay, a maioria de seus amigos são gays.

Mesmo que os autores das páginas não tenham confessado sua opção sexual, o chamado “Projeto Gaydar” (radar gay) foi capaz de apontá-la com boa margem de acerto. O estudo, que começou como um experimento, lança dúvidas sobre se os autores das páginas on-line estão mesmo no controle das informações que eles disponibilizam. Ou se a associação de informações pode revelar muito sobre eles, mesmo que eles não queiram.

gaydar Cruzando informações de 1.544 homens que se disseram “heterossexuais”, com 21 que admitiram ser “bissexuais” e 33 que disseram ser “gays.” Não foi nenhuma novidade descobrir que homens gays têm mais amigos gays do que homens heterossexuais. A partir da confirmação desse fato eles fizeram um programa de computador com regra de probabilidades. Além disso, eles analisaram as relações de amizades de outros 947 homens ditos “heterossexuais,” eles sabiam que, entre esses, 10 homens gays eram conhecidos deles. Depois que o programa determinou que os homens gays, os estudantes confirmaram através de entrevistas telefônicas.

A pesquisa não funciona com a mesma eficácia para detectar pessoas bissexuais ou mulheres lésbicas e não tem valor científico.

Preocupados com a integridade dos pesquisados, os alunos não usaram os nomes dos autores das páginas no Facebook, e além do seu trabalho ter sido revisado por um painel de professores sobre ética, eles só entregaram ao professor uma cópia do DVD, mas que trazia o conteúdo em códigos só acessíveis através de senha.

fonte: Cena G

Gay e Muçulmano: a luta pela aceitação de homossexuais pelo islã

A reportagem da revista Época desta semana, por Fernando Scheller e Juliano Machado retrata a vida de um homem gay muçulmano e como conseguiu sobreviver em seu ambiente familiar e religioso.

Adnan Ali, que hoje tem 37 anos e mora no Rio de Janeiro, relata que desde criança se considerava diferente por achar homens mais bonitos que mulheres ao ver filmes, “Sabia que, de algum jeito, queria estar perto deles”. Seu primeiro namorado, foi um jovem xiita de 15 anos que estudava no mesmo colégio, e que enquanto faziam os movimentos em respeito a Alá, suas mãos se tocavam, em um ritual que se repetia todos os dias.

Em casa, quando era adolescente, seus pais abriram uma carta amorosa de um jovem endereçada a ele. Além de ter recebido uma surra, Adnan teve de prometer que jamais falaria com o remetente. Ele diz se lembrar de um vizinho arrastado por policiais para fora de casa depois de ser flagrado num ato sexual com outro homem. Adnan nunca mais o viu. “Geralmente não se sobrevive à punição”, afirma. No Paquistão, onde a lei islâmica tem forte influência sobre a legislação civil, a homossexualidade ainda pode ser punida com a pena capital. A família de Adnan só tolerava sua condição porque era praticamente sustentada pelo dinheiro de seu trabalho. “Isso me dava um passe livre para fazer o que quisesse. De certa forma, comprei a aceitação de meus pais.”

Em 1996, ele ganhou uma bolsa para estudar produção teatral na Inglaterra e foi embora. Três anos depois, já integrado à pequena comunidade de gays assumidos de origem muçulmana no Reino Unido, Adnan fundou a representação britânica da ONG americana Al-Fatiha. Vivendo hoje no Rio de Janeiro com seu parceiro, um inglês da ONG Médicos Sem Fronteiras, Adnan é um dos principais ativistas no mundo de uma causa aparentemente impossível: a aceitação de homossexuais na comunidade islâmica.

islalove

Adnan reconhece a dificuldade de sua luta. Afirma que nem mesmo a comunidade gay sabe lidar muito bem com seus integrantes do islã. “A reação costuma ser: ‘Gay e muçulmano, como assim?’.” Dentro do islamismo, aceitar gays seria o mesmo que reescrever o Alcorão, na visão das autoridades religiosas. “Tudo o que Deus criou foi em forma de casal. Homem, animais e até plantas. Nada do mesmo sexo produz frutos”, afirma o xeque xiita Ali Abou Raya, imame (sacerdote) da Mesquita Mohammad Mensageiro de Deus, em São Paulo. “É preciso deixar claro que o homossexualismo nunca será liberado na jurisprudência islâmica. A orientação é direta e clara.”

Para a religião islâmica, a homossexualidade é vista como algo reversível, ou seja, um pecado do qual é possível se redimir. “Se um muçulmano homossexual acredita que sua condição seja natural, ele deixa de fazer parte do islamismo. Mas se ele reconhece que está passando por uma dificuldade, um problema psicológico, então passa a ser um pecador que deve receber ajuda de sua comunidade religiosa”, afirma o xeque sunita Jihad Hassan Hammadeh, presidente do Conselho de Ética da União Nacional das Entidades Islâmicas. Hammadeh afirma que o islamismo condena o preconceito, mas reconhece que nem sempre “algumas pessoas” dentro do mundo islâmico agem de forma tolerante. Basta recordar uma declaração do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao discursar em 2007 para alunos da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos. Respondendo à pergunta de um estudante sobre como gays eram tratados no Irã, disse: “Lá não há gays como em seu país; não temos esse fenômeno”.

No Rio de Janeiro, há pouco menos de um ano, Adnan ainda está conhecendo o universo GLS da cidade. Diz estar com vontade de ir a um bar gay na Gávea e conheceu alguns ativistas durante um seminário anti-homofobia. “Não vou muito à praia, embora goste de sentar na areia e ler um livro. Já fui ao Posto muitas vezes, e é legal ver as bandeiras com o símbolo gay tremulando”, afirma. Como no Brasil a comunidade muçulmana é pequena, ele dá apoio a gays brasileiros de qualquer credo, por meio de um círculo de amigos na internet. Assim conheceu um jovem baiano que, ao se descobrir gay, passou a pensar em suicídio. “Eu tenho conversado com ele para fazê-lo desistir da ideia. Gosto de pensar que continuo útil pela minha causa.”

fonte: Cena G

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