Ataque ocorreu em posto de combustível na Rua Augusta. Vítima quer que caso seja investigado por delegacia especializada.
Mais um ataque a um gay foi registrado na região da Rua Augusta na madrugada de terça-feira (23). Ativista do movimento LGBT e militante político, o professor de inglês e estudante de letras Guilherme Rodrigues, de 23 anos, foi agredido por quatro rapazes em um posto de combustível na esquina da Augusta com a Rua Peixoto Gomide, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Dois dos agressores, segundo Rodrigues, pelas características, seriam integrantes do grupo skinheads, conhecido pela intolerância.
“Eu vi que eles iriam agredir um casal homossexual e parei para ver o que iria acontecer. Não falei nada e nem tive qualquer reação. Eles me viram e vieram na minha direção. Me deram cabeçadas, me agrediram. Só pararam quando os funcionários do posto interferiram”, relatou o estudante.
Segundo ele, os quatro rapazes continuaram o ameaçando mesmo depois que um carro da polícia parou para conter as agressões. Guilherme disse que relatou a uma policial militar o ocorrido e manifestou a sua intenção de fazer um boletim de ocorrência. A reação da policial o surpreendeu. “Ela tentou me dissuadir de fazer o boletim. Ela disse que depois que fôssemos liberados, eu e os quatro que me agrediram, seria cada um por si”, contou.
No 4º DP, na Consolação, região central de São Paulo, a mesma policial, de acordo com Rodrigues, afirmou aos funcionários do plantão que os quatro agressores também iriam registrar um boletim de ocorrência. “Ela disse que eu dei em cima deles e que eles também teriam direito de fazer um boletim. Só mudaram de ideia quando um funcionário do posto testemunhou a meu favor”, disse. Os quatro rapazes foram indiciados por injúria, ameaça e lesão corporal.
Rodrigues, no entanto, quer que o caso seja investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, onde esteve na tarde desta sexta-feira (25). O objetivo é tratar a agressão que sofreu como um caso de delito de intolerância contra homossexuais. Além disso, o movimento LGBT programou um ato para as 14h de segunda-feira (28) em frente ao 4º DP para entregar o laudo do Instituto Médico Legal (IML) do exame de corpo de delito ao qual se submeteu.
Como ativista do movimento gay, Rodrigues vê o medo tomar conta da região da Rua Augusta. “Há um mês participei de um protesto contra a violência que os homossexuais vêm sofrendo na região. E agora eu fui vítima desta mesma violência. Moro ali perto e agora tive de sair da minha casa e ir morar com um amigo. E eu que fui o agredido”, disse.
Um dos suspeitos pelas agressões, um jovem de 18 anos, também foi à delegacia, acompanhado do pai, prestar depoimento. A polícia ainda aguarda que outros três jovens que teriam participado do ataque se apresentem para prestar depoimento.
Outros casos
No dia 14 de novembro de 2010, quatro menores de 18 anos e um maior de idade agrediram pedestres na Avenida Paulista. Eles chegaram, inclusive, a desferir golpes com lâmpadas fluorescentes em uma das cinco vítimas do grupo. Para a polícia, a motivação dos ataques foi homofobia. No dia 4 de dezembro, o operador de telemarketing Gilberto Tranquilini da Silva e um colega dele, ambos de 28 anos, foram vítimas de uma agressão nas proximidades da Estação Brigadeiro do Metrô, também na Avenida Paulista. Eles disseram à polícia que o ataque foi motivado por homofobia.
No dia 25 de janeiro deste ano, um estudante de 27 anos afirmou que ele e um amigo foram vítimas de um ataque homofóbico na Rua Peixoto Gomide, quase na esquina com a Rua Frei Caneca, quando levou uma garrafada no olho direito.
fonte: G1
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