Criadora e mantenedora da cultura de massas a publicidade pode acabar sendo usada como meio de promoção do preconceito contra os gays. A conclusão é do estudo "Homofobia na Publicidade: uma análise das características homofóbicas presentes em anúncios impressos" da concluinte do curso de Publicidade e Propaganda, Lara Bastos Abdala, para a Universidade Salvador.
Em quase oitenta páginas, a estudante fez uma análise profunda da publicidade e propaganda desde o discurso até o estudo de um caso que provocou polêmica nos Estados Unidos: a campanha para o tênis Hyperdunk, da Nike, considerada homofóbica pela comunidade gay mundial e suspensa pela empresa por conta disso.
"Durante a pesquisa foi percebido o poder que a publicidade possui como uma instituição capaz de reproduzir ideologias sociais e assim também reproduzir preconceitos, como a homofobia contra o homossexual masculino, resultando em uma violência simbólica" explica a formanda.
A campanha da Nike foi analisada com profundidade na pesquisa. Produzidos pela agência Widen+Kennedy, o comercial mostra duplas de jogadores de basquete em posições muito próximas, entre elas, uma em que a cabeça de um jogador fica perto das partes íntimas do outro. As cenas vêm acompanhadas do slogan "Isto não é certo" e "Isto não é fofo". (veja as peças da campanha na Galeria)
"Com o lançamento da campanha, diversos internautas acessaram o blog "WK Studio" da agência responsável pela campanha, para criticar os anúncios e, no mesmo dia, Nolan no blog Gawker.com interpretou as peças publicitárias como preconceituosas, ou melhor, como homofóbicas" escreveu a concluinte em sua pesquisa.
No Brasil
Não faltam exemplos na publicidade brasileira de comerciais com teor homofóbico. Ninguém esquece da propaganda da cerveja Skol em que um grupo de rapazes está reunido em um bar e recebe um bilhete de uma mesa, o que deixa todos animados. Quando descobrem que a cantada partiu de um grupo de gays, eles saem correndo do bar.
Em outro exemplo mais recente, a Elma Chips veiculou, em março de 2009, um comercial em que um grupo de amigos segue para um passeio em um carro. A música YMCA, considerada um hino gay, está tocando no rádio e um dos amigos começa a fazer a coreografia causando uma reação preconceituosa no grupo. Um pacote do salgadinho Doritos é fixado no rosto do jovem que dança e surge a frase: "quer dividir alguma coisa com os amigos, divida um Doritos". (veja no vídeo)
A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) encaminhou pedido ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o CONAR,para que o comercial fosse retirado do ar, o que não aconteceu.
fonte: Toda Forma de Amor
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