sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ativista de direitos gays pediu ajuda a brasileiro para voltar a Uganda

11028736O ativista de direitos gays de Uganda morto a marteladas nesta semana, David Kato, pediu ajuda para voltar para o país ao estudante brasileiro Felipe Martins Fernandes, poucos dias antes de sua morte.

A morte de Kato foi confirmada na última quinta-feira (27). Ele foi encontrado com ferimentos na cabeça em sua casa, na capital ugandense, Campala.

Felipe conheceu Kato em uma conferência realizada em Viena, na Áustria, em julho do ano passado. Ficaram hospedados no mesmo hotel, com um grupo de mais de 50 pessoas, onde se tornaram "amigos de bar".

Desde então mantiveram contato por meio de e-mails e chats, onde contavam sobre seus projetos e pesquisas sobre homofobia e sexualidade.

Felipe afirma que Kato "estava sofrendo ameaças" mesmo antes da matéria do jornal "Rolling Stone" ter publicado, em outubro, fotos de várias pessoas, inclusive de Kato, que dizia serem gays sob o título "Enforque-os".

No último domingo (23), Felipe recebeu um e-mail do ativista, afirmando que teve uma bolsa com cartões de crédito e passaporte roubados em uma "rápida viagem" que fez a Londres. "Realmente preciso estar no próximo voo disponível", afirmou o ativista em e-mail para Felipe.

Segundo o estudante, Kato não queria deixar Uganda, apesar das ameaças.

"Ele lutava por justiça social em Uganda, mas percebeu que sua vida estava em risco. Não só a dele, mas de toda a comunidade gay."

Ajuda brasileira
Quando o "Rolling Stone" publicou a foto de Kato na capa, ele enviou um e-mail para Felipe com as páginas do jornal em anexo e uma mensagem dizendo "olha só o caos em que nos colocaram!".

O amigo iniciou esforços para tirar Kato de Uganda. Pediu por uma mobilização da Secretaria Especial de Direitos Humanos ds Presidência da República, pediu asilo para Kato no Brasil, pediu ajuda internacional e a movimentos homossexuais, mas não obteve respostas favoráveis.

Ativismo
Kato processou o jornal e, no dia 3 de janeiro, obteve liminar permanente contra o "Rolling Stone", impedindo este de revelar a identidade de gays em suas páginas.

A polícia disse que ainda está investigando as circunstâncias e não confirmou se o crime foi motivado pelo fato da vítima ser homossexual.

Atos homossexuais são considerados ilegais em Uganda, com pena prevista de até 14 anos na prisão.

Um deputado recentemente apresentou um projeto para tornar a punição mais severa, incluindo a pena de morte em alguns casos.

Kato havia feito campanha contra o projeto, que provocou fortes críticas internacionais após ser apresentado.

fonte: Folha.com

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