Cena do beijo gay exibido no programa eleitoral do Psol foi alvo de ataques por parte de jornal local
A polêmica envolvendo o beijo gay exibido no programa eleitoral de Leonel Camasão (Psol), candidato a prefeito de Joinville, fortemente atacado pelo periódico local Jornal da Cidade chegou ao Ministério Público. Nesta quinta-feira, a Promotoria de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) ajuizou ação civil pública contra o veículo e contra seu editor, João Francisco da Silva a partir de denúncia protocolada por Camasão.
Na ação, proposta pela promotora Simone Cristina Schultz, é pedida a retirada imediata de circulação da edição número 50 do Jornal da Cidade - tanto a versão impressa, quanto o conteúdo apresentado na internet - em face das ofensas proferidas na coluna De João Francisco da Silva, na qual o editor e colunista compara o beijo gay a "defecar em público", depois de caracterizar o gesto como "asqueroso e nojento".
"Como essa situação foi muito grave e está causando um prejuízo à imagem à e dignidade dessa minoria e desse grupo, pedimos liminarmente que essa edição seja retirada de circulação. Como é uma liminar tem que ser analisada com brevidade pelo judiciário", declarou a promotora.
"Enquanto eu não for intimado não tenho que fazer nada, a circulação já está na rua, não tem como impedir, não tem como recolher das bancas. Quando chegar vou me defender, a lei é igual para todos", disse Vitor Manoel de Oliveira Guilhereme, proprietário do Jornal da Cidade.
Além da retirada de circulação da referida edição, a ação, que ainda precisa ser analisada pela Justiça, prevê a aplicação de multa diária de R$ 10 mil, em caso de descumprimento da decisão e o pagamento de indenização de 300 salários mínimos por dano moral coletivo, a ser destinado a fundos de promoção da cidadania LGBT.
Outros pontos do documento elaborado exigem a veiculação de programas de direitos humanos produzidos e/ou indicados pelo MP em conjunto com associações representativas do segmento LGBT e a obrigatoriedade de publicação da sentença condenatória em cinco edições seguidas do periódico, no caso de a ação ser acatada pela Justiça.
"Fico feliz com a rápida ação do Ministério Público e estou torcendo para que a Justiça acate todos os pedidos do MP. Nós seguiremos na luta, tanto prática quanto judicial, para coibir essas ofensas não só a minha pessoa, mas aos direitos humanos", disse Camasão.
Jornal mantém posição
Apesar da denúncia, o jornal não se intimidou e voltou a tecer pesadas considerações a respeito da população gay e do candidato do Psol. Um dos colunistas do periódico, Beto Gebaili, descreveu o beijo exibido no horário eleitoral como "um ato que agride todos os padrões familiares, que são na sua grande maioria, padrões heterossexuais!!!. (Os homossexuais) vão para a internet, xingam, ofendem e agridem justamente aqueles, que eles - os homossexuais - querem também transformar em homossexuais!!!", concluiu.
Perguntado se a linha editorial do jornal será mantida, o proprietário garantiu que a posição representa a opinião da empresa a respeito do fato. "Na verdade não se falou mal de ninguém, se falou mal da ação do beijo. O promotor ou juiz que ler a matéria vai ver que não existe nenhuma espécie de discriminação. É um despropósito o beijo gay entrar na casa das pessoas principalmente financiado pelo próprio povo. A repercussão que deu 95% dos comentários das pessoas são a favor da opinião do jornal. É uma opinião do jornalista e é a opinião da empresa. Se a empresa permitiu que ele escrevesse isso é a opinião da empresa", argumentou Vitor.
A continuidade dos ataques à comunidade gay pode acarretar na suspensão da veiculação do periódico por tempo indeterminado. "Se começar a ser de forma reiterada, vamos pedir a suspensão do jornal por um prazo", afirmou Simone.
fonte: Terra
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