A inclusiva Igreja Cristã Contemporânea (ICC) repudiou publicamente na última quinta-feira, 7, os outdoors recém-instalados no Rio de Janeiro a mando do pastor Silas Malafaia condenado a homossexualidade. A campanha de Malafaia é uma resposta à iniciativa da Contemporânea a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que já havia sido depredada antes.
Em nota, um dos fundadores da ICC, o pastor Marcos Gladstone alega que a atitude de Malafaia “é algo desonesto e pouco civilizado. Na verdade, as lideranças que estão por trás destes outdoors não são democráticas, porque na verdade se pudessem não permitiriam sequer que esse debate existisse”. Confira na íntegra:
Manifesto de repúdio
Vemos com grande preocupação a publicação de alguns outdoors de caráter homofóbico do Pr Silas Malafaia que vem sendo difundidos em nossa democrática cidade do Rio de Janeiro, em franca reação a campanha progressista que a Igreja Cristã Contemporânea lançou no mês de outubro em prol do casamento gay. Digo que nossa cidade é democrática, porque entendo que a democracia se constitui precisamente no debate, e entendo que nem todos são obrigados a concordar conosco. Não são obrigados a concordar, mas são obrigados a nos respeitar enquanto cidadãos livres, de um país livre.
Os outdoors publicados nos colocam como uma ameaça a procriação da espécie humana e à preservação da família. Nos atacar em um debate honesto e franco seria, insisto, algo legítimo no âmbito da democracia. Mas falsamente nos acusar de ser uma ameaça, quando na verdade, os difusores desta campanha sabem que não somos, é algo desonesto e pouco civilizado. Na verdade, as lideranças que estão por trás destes outdoors não são democráticas, porque na verdade se pudessem não permitiriam sequer que esse debate existisse.
Explico melhor: nossa Igreja não defende que o mundo seja gay, nem deseja que aqueles que sejam heterossexuais tenham a sua orientação sexual revertida. Já os nossos detratores se pudessem nos imporiam (como ainda fazem na maioria de suas Igrejas) “tratamentos” violentíssimos de reversão que deixam traumas permanentes nas pessoas. Muitas dessas pessoas chegam em nossa Igreja, oriundas desses meios religiosos, absolutamente flageladas, e nós as acolhemos defendendo um amor de Deus a todos, sem preconceitos de qualquer espécie.
Se não defendemos um mundo gay, o que defendemos? Um mundo onde todos possam viver em paz e solidariedade, e onde as MINORIAS como a nossa possam ser respeitadas sem ser demonizadas, patologizadas e finalmente violentadas ao extremo. Ou seja: o mundo NÃO é gay, mas nós somos e exigimos respeito. Não somos uma ameaça a família, pois formamos famílias por vezes muito mais estruturadas que muitos lares ditos normais. Eu e meu companheiro estamos adotando legalmente uma criança e desejamos o melhor futuro para ela; com carinho e principalmente dignidade.
Não somos uma ameaça a procriação precisamente porque Deus nos constituiu ENQUANTO minoria e assim seguiremos, pois os planos de Deus são perfeitos. Não queremos revolucionar o mundo. Mas queremos transformá-lo através da inclusão, não da supressão de uma maioria por uma minoria. Minoria expressiva e que enquanto tal possui os mesmos direitos da maioria justamente por que no jogo democrático somos plurais e singulares ao mesmo tempo: unum et pluribum!?. As diferenças nos singularizam, a democracia nos torna cidadãos e o Evangelho nos torna irmãos!
Neste sentido divulgo este manifesto de repudio a homofobia religiosa que estes outdoors buscam difundir. Não precisamos de muros. Precisamos, sim, de pontes!
* Marcos Gladstone, fundador da Igreja Cristã Contemporânea.
fonte: MixBrasil
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