Uma pesquisa feita pelo Ministério da Educação nas escolas brasileiras aponta que o tema da sexualidade continua sendo pouco discutido nas salas de aula. Outra constatação é que os estudantes são hostis aos homossexuais. O estudo foi realizado em 11 capitais brasileiras.
- A homofobia é negada pelo discurso de que não existe estudantes LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) na escola. Mas quando a gente ia conversar com os estudantes, a percepção, em relação aos colegas LGBT, era outra - contou uma das pesquisadoras, Magda Chinaglia durante entrevista à Agência Brasil.
Parte dos dados, com destaque sobre a situação na cidade do Rio, foi divulgada nesta segunda-feira, dia 4, na própria capital. Os dados completos, com informações sobre a visita a 44 escolas de todas as regiões do país e trechos de 236 entrevistas feitas com professores, coordenadores de ensino, alunos do 6º ao 9º ano, além de funcionários da rede, devem ser divulgados até o final do ano.
De acordo com a pesquisa, os homossexuais são bastante reprimidos no ambiente escolar, onde qualquer comportamento diferenciado "interfere nas normas disciplinares da escola".
- Ouvimos muito que as pessoas não se dão ao respeito. Então, os LGBT têm que se conter, não podem (se mostrar), é melhor não se mostrarem para serem respeitados - contou a pesquisadora.
No caso dos travestis, a situação é mais grave. Além da invisibilidade, fenômeno que faz com que os alunos e as alunas homossexuais não sejam reconhecidos, nenhuma escola autorizava o uso do nome social (feminino) e tampouco o uso do banheiro de mulheres.
De acordo com a vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT, Marjorie Marchi, que assistiu à divulgação dos dados, é principalmente a exclusão educacional que leva muitos travestis à prostituição.
Em relação à educação sexual, os professores alegam que o tema não é muito discutido porque as famílias podem não aprovar a abordagem.
A pesquisa não analisou especificamente os casos de violência, embora os especialistas tenham citado a ocorrência de brigas motivadas pela orientação sexual da vítima e colhido inúmeros relatos de episódios de homofobia. O objetivo é que o documento auxilie Estados e municípios a desenvolver políticas públicas para essa população.
No Rio, as secretarias estaduais de Assistência Social e de Educação trabalham juntas num projeto de capacitação de professores multiplicadores em direitos humanos com foco no combate à homofobia. A meta é capacitar cerca de 8 mil dos 75 mil professores da rede até 2014.
fonte: O Globo
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