Equipe de mulheres homossexuais luta contra a discriminação. Violência contra gays e lésbicas é grande no país da Copa do Mundo.
Um time de futebol formado exclusivamente por lésbicas luta contra a discriminação e pelos direitos dos homossexuais na África do Sul. O “Chosen few” joga com talento e entusiasmo em um campo cheio de lama próximo ao Tribunal Constitucional, no centro de Joanesburgo.
"A gente queria treinar em outros lugares", disse Lerato Marumolwa, uma das melhores jogadoras do time, apontando para um bem cuidado campo verde a 500 metros dali. "Mas eles simplesmente não nos deixam entrar."
Essa frustração é menor em comparação com o chamado "estupro" corretivo, homicídio, ofensas e agressões que as lésbicas da África do Sul têm sofrido frequentemente, mesmo após o fim do apartheid e a proibição da discriminação em razão da orientação sexual.
Mais de 30 lésbicas foram assassinadas na última década na África do Sul, de acordo com um relatório da ONG britânica ActionAid. O documento diz ainda que no ano passado houve uma tendência crescente de ataques homofóbicos e assassinatos cometidos por homens que acreditavam que poderiam "curar" as lésbicas.
Marumolwa, de 21 anos, e suas companheiras de equipe, são mais do que apenas jogadoras de futebol. Elas estão envolvidas em uma campanha para derrubar o preconceito contra as lésbicas negras, que são maioria nas cidades onde elas vivem.
Um caso famoso aconteceu em 28 de abril de 2008: a jogadora de futebol sul-africana Eudy Simelane foi estuprada e assassinada com 25 facadas em um bairro na periferia de Joanesburgo. A comunidade homossexual sul-africana fez pressão sobre o julgamento dos acusados. Dois dos quatro acusados foram condenados a mais de 35 anos de prisão.
O “Chosen Few” foi lançado em 2004 pelo Fórum para os Direitos das Mulheres (FEW) e as jogadoras dizem que o time se tornou um refúgio para elas, em contraste com o perigo e os preconceitos que sofrem nas ruas.
“Nas ruas somos discriminadas, espancadas e estupradas. As pessoas nos xingam. Aqui o time é a minha família. Aqui eu me sinto em casa, posso ser eu mesma”, diz Marumolva.
O time ganhou medalha de bronze nos Jogos Gays disputados em Chicago em 2006 e em um torneio internacional de uma associação de futebol para gays e lésbicas disputado em Londres, Inglaterra, em 2008. Após a Copa do Mundo da África do Sul, em junho, as jogadoras vão defender o país nos Jogos Gays que serão realizados na Alemanha em julho e agosto.
Phindi Malaza, gerente do “Chosen Few”, disse que a organização foi criada como um espaço para lésbicas negras para combater a homofobia nas favelas.
"Um dos objetivos da equipe é que elas fazem palestras sobre crimes de ódio. Elas não apenas jogam bola, mas também lidam com os temas de direitos dos homossexuais.”
Malaza diz que quase todo o financiamento vem do exterior e não há apoio do governo sul-africano, "Eu sinto realmente não há apoio do governo ou da liderança política. Você nunca vê qualquer condenação por crimes de ódio".
A África do Sul destaca-se no continente com sua política de proteção aos direitos dos homossexuais. Foi o primeiro país africano a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em muitos outros países da África, a homossexualidade é ilegal. No entanto, para a gerente do time do futebol ainda há muito o que lutar. “Temos uma constituição que garante os nossos direitos, mas ainda há muito trabalho que a ser feito para que as pessoas compreendam e respeitem o que esta constituição diz. "
As jogadoras afirmam que existem homossexuais em outras equipes femininas da África do Sul, mas só no "Chosen Few" esta orientação sexual é assumida e difundida.
fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário