A polícia de Uganda afirmou nesta sexta-feira que o jardineiro Enock Nsubuga, 22, confessou ter matado a marteladas o ativista gay David Kato em 26 de janeiro passado.
Nsubuga disse ter cometido o crime por desavenças pessoais com Kato e a polícia descartou relação com o ativismo de Kato. Na Uganda, a homossexualidade é crime.
A polícia deteve Nsubuga na tarde de quarta-feira (2), mas disse seguir sua pista há dias. Ele é um ex-prisioneiro e trabalhava no jardim da casa de Kato na época do crime.
Depois de detido, Nsubuga admitiu ter matado Kato. Segundo o relato da polícia, Nsubuga explicou que Kato havia oferecido dinheiro para que mantivessem relações sexuais, mas nunca pagou. Ele disse então que pegou o martelo do banheiro da casa e atingiu o ativista.
A polícia descartou então crime de ódio, como especulado, e disse que dinheiro foi a motivação primária.
Nsubuga tem uma longa ficha criminal e sua última prisão foi por roubar um celular. Ele foi visto por testemunhas na casa de Kato na noite do dia 25 de janeiro, horas antes do crime.
Testemunhas disseram à polícia que um homem entrou na casa de Kato aproximadamente a 1h de 26 de janeiro de 2011, bateu duas vezes na sua cabeça e fugiu em um veículo. Kato morreu a caminho do Hospital Kawolo.
Revista
O nome de Kato apareceu ao lado de outros gays em um artigo do jornal ugandense "Rolling Stone", no ano passado, sob o título "Enforque-os". Muitas pessoas relataram ter sofrido agressões após a publicação de seus nomes e fotos e Kato chegou a dizer à rede de TV CNN que temia por sua vida.
No começo de janeiro, um juiz da Alta Corte de Uganda determinou que órgãos de imprensa do país não podem publicar a identidade de pessoas que eles consideram ser homossexuais.
Atos homossexuais são ilegais em Uganda, e ativistas dizem que os gays vivem sob ameaça no país africano. A perseguição aos gays foi manchete em todo mundo quando o Parlamento de Uganda tentou aprovar uma lei que previa pena de morte para homossexuais "reincidentes".
No ano passado, o jornal "Rolling Stone" publicou listas de pessoas que, segundo o jornal, eram gays. Kato e outros dois ativistas entraram com processo contra a publicação, que teve que pagar 1,5 milhão de xelins ugandenses (R$ 1.070) de indenização e as despesas legais.
Giles Muhame, 22, editor do jornal, disse à agência de notícias Reuters que condena o assassinato e que o jornal não quer que os gays sejam atacados. "Se ele foi assassinado, isso é ruim e nós rezamos por sua alma", disse Muhame, acrescentando que o pedido de enforcamento é para o governo mate quem promove a homossexualidade. "Nós dizemos que eles têm que ser enforcados, não apedrejados ou atacados", defende.
fonte: Folha.com
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