Longa conta o despertar sexual de dois adolescentes norte-americanos. Diretor trabalha com clichês, ao invés de personagens ou situações.
Há muito mais boa vontade e fetiche do que cinema em "Aquarela - As cores de uma paixão", que estreia apenas em São Paulo na sexta-feira (6). O longa, escrito e dirigido por David Oliveras, conta o despertar sexual de dois adolescentes norte-americanos.
Oliveras trabalha com clichês, ao invés de personagens ou situações. O protagonista é Daniel (Tye Olson), jovem sensível, tímido e com poucos amigos, que aspira ser desenhista. A outra ponta do romance é Carter (Kyle Claire), nadador, sem amigos, rebelde sem causa e, como se revela mais tarde, portador de uma doença grave. A verdade é que esse perfil inicial dos dois rapazes jamais é aprofundado ou construído com nuances. Eles são isso e nada mais.
Há também a melhor amiga com problemas motores, a mãe compreensiva, o pai divorciado que se esforça para cuidar do filho que se envolve o tempo todo em encrencas, o técnico de natação durão e machista... A história de amor entre Carter e Daniel também parece saída de um folhetim romântico escrito por um jovem ingênuo que raramente sai de casa. Por isso, o mundo está mais centrado naquilo que ele imagina do que na realidade.
Por mais que o diretor tente colocar tintas realistas, não consegue disfarçar as deficiências do filme, cuja câmera parece mais interessada em exibir o corpo do nadador do que construir um plano significativo, uma cena bem dirigida ou atuada. Quando um dos personagens é espancado por ser gay, o que deveria soar como um alerta, um grito de revolta, se resume a um momento frouxo.
Nem sempre "Aquarela - As cores de uma paixão" parece ciente de seu alcance. Personagens que, numa primeira metade, eram virtualmente inexistentes, se tornam protagonistas de cenas importantes vindos do nada. Em outros momentos, uma nova ação sugerida morre antes mesmo de acabar. Oliveras abre demais as possibilidades da história e acaba pulverizando o foco.
fonte: G1
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