Margarette Barreto, da Decradi, fala sobre trabalho anti-homofóbico. Ela estará à frente de operação contra ataques na Parada Gay de SP.
Poucos sabem, mas além de negros, judeus e homossexuais, grupos neonazistas que atuam em São Paulo decidiram incluir nas suas listas de “inimigos” uma delegada branca e heterossexual que combate o racismo, xenofobia e homofobia no estado. Margarette Barreto, de 42 anos, responsável pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), já teve sua foto estampada em um site de uma violenta gangue que prega a intolerância a gays e também chegou a receber diversas ameaças por causa de seu trabalho.
Neste domingo (6) , ela será uma das responsáveis pela operação policial de combate a qualquer ação homofóbica ou violenta que possa ser praticada por esses movimentos radicais na 14ª edição da Parada do Orgulho Gay. Segundo os organizadores, a estimativa é que 3 milhões de pessoas participem da festa, que neste ano tem o tema “Vote contra a homofobia, defenda a cidadania”.
Duas pessoas já morreram por conta de agressões praticadas por neonazistas durante e após a parada. Em junho de 2009, o chefe de cozinha Marcelo Barros morreu aos 35 anos em decorrência de um traumatismo craniano causado por integrantes do Impacto Hooligan. A mesma facção também é suspeita de ter detonado uma bomba que feriu mais de dez pessoas na área de dispersão. Suspeitos foram presos. Em 2007, o turista francês Grégor Erwan Landouar, na época com 35 anos, também foi morto após ser atacado por um punk em junho, logo após a festa.
“Vamos ficar de olho em toda pessoa que for suspeita de integrar esses grupos de intolerância. Pessoas com coturno, cabeças raspadas”, afirma a delegada Margarette Barreto. A equipe conta ainda com um álbum e diversas fotos cadastradas de integrantes das gangues que já tiveram passagem pela polícia.
Em mensagem ao G1, a delegada afirma que a comunidade homossexual é uma das mais vulneráveis da sociedade. Segundo ela, a comunidade LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros) “passou por momentos de perseguições motivadas por dogmas religiosos e também por discriminações advindas da consideração da homossexualidade como doença, ou desvio sexual, pois até pouco tempo atrás, figurava como tal, no Código Internacional de Doenças (CID). Os estigmas sociais impostos a tal comunidade, muitas das vezes, empurram seus atores a marginalidade, seja na economia informal, seja como profissional do sexo, trazendo ainda mais vulnerabilidade ao segmento.”
Margarette ressalta ainda a desconfiança com que este público tem em relação à polícia. “Não podemos deixar de registrar que a comunidade LGBTTT vê com desconfiança o aparato policial, em razão de muitas vezes ter sido discriminada durante as ações policiais. Se faz necessário aos policiais conhecer esta realidade, pois o profissional de segurança pública é um dos atores mais visíveis do Estado, sendo interlocutor direto e frequente com os diversos tecidos sociais.”
fonte: G1
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