segunda-feira, 7 de junho de 2010

Candidatos à presidência dão as costas à Parada Gay

Candidatos a Presidência e ao governo de São Paulo dão de costas para a Parada Gay

José Serra na Parada Gay de 2009. Esse ano ele pulou... Essa foi uma Parada bem mais tranquila e segura que a de 2009, que acabou com um assassinato e a explosão de uma bomba caseira que machucou cerca de 30 pessoas na dispersão. Em 2010 foram "apenas" 10 pessoas presas, todas por furtos e tráfico de drogas. Rolaram brigas aqui e ali também, uma pena, mas nada muito grave. Muito porque o Decradi, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, coibiu a ação de grupos neonazistas de forma eficaz desta vez. Se de fato a Parada foi menos violenta que no ano anterior, faltou o reconhecimento por parte dos políticos em relação ao poderio desta massa humana nas próxima eleições.

O fato de presidenciáveis e candidatos ao governo virarem as costas para a Parada (só Marta foi, como sempre) mostra que eles, os políticos, tão nem aí para o voto da comunidade. Ou melhor: eles querem mesmo o voto evangélico e sabem que se fossem à Parada dariam uma indicação clara para esse eleitorado que são aliados de temas mais que espinhosos _como o casamento gay e a lei anti-intolerância. Esses dois temas desagradam sobremaneira a nação evangélica, da mesma forma que a pesquisa com células tronco embrionárias e o direito ao aborto assistido afugentam os católicos mais arraigados.

Serra e Dilma não foram porque seus marqueteiros falaram para eles não irem. Os riscos seriam maiores que os possíveis ganhos que teriam caso fossem. E nem explicações eles deram. Poderiam dizer que estavam em uma festa junina de Caruaru; ou que tinham compromisso com uma quermesse de São José do Rio Preto. Que nada. Não foram, não explicaram. Deram as costas. E nem aí.

Serra já esteve na Parada, diga-se, quando era governador de São Paulo. Marina não iria, claro. Mas essa pelo menos já se mostrou contrária aos direitos civis LGBT.

É claro que em algum momento Serra e Dilma deverão responder a essas questões. As sabatinas dos jornais começam em breve e TODOS os veículos vão perguntar aos candidatos o que eles acham da descriminalização da maconha, da lei do aborto assistido, casamento gay, adoção de crianças por homossexuais e da lei anti-homofobia. São temas quentes. Até lá seus marqueteiros vão inventar alguma resposta possível, bem em cima do muro, para que os candidatos não percam votos entre gays e héteros arejados mas que também não desagradem os conservadores cristãos.

Eu imagino qual seja: vão dizer que apoiam o direito a herança, previdência e renda conjunta para casais gays; mas vão fugir da palavra "casamento gay", verdadeiro horror dos conservadores. O caminho seria (dirão) a possibilidade de um contrato social de parceria civil registrada (como na França). Sobre a lei anti-homofobia, vão dizer que ela é positiva se vier com mudanças, como reconhecer o direito de liberdade e discurso religioso (isso é, que os pastores poderão continuar pregando contra a homossexuailidade dentro de suas igrejas mas que o pedreiro da esquina não vai mais poder te chamar de viado); sobre aborto vão falar que cada caso é um caso e que o tema deve ser discutido pela sociedade antes de mudar a lei; bem como sobre a liberação da maconha; já sobre a adoção de crianças por homossexuais _que praticamente já está permitida pela Justiça_ vão dizer, bem, que é um assunto que está sendo tratada no Poder Judiciário e que cabe a ele agir neste sentido.

Para os candidatos, o MURO é o novo ARMÁRIO.

fonte: MixBrasil

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