quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Polícia investiga torcida por ameaça contra Sheik após foto com selinho

Heterossexual, Emerson Sheik postou selinho em amigo contra homofobia. Membros da Camisa 12 contrários à divulgação cobram desculpas do atleta.

Emerson Sheik beijo instagram 02A Polícia Civil de São Paulo vai investigar a Camisa 12, uma das torcidas organizadas do Corinthians, por suspeitas de ameaças contra o jogador Emerson Sheik, que publicou uma foto nas redes sociais dando um selinho em um amigo, e também de praticar homofobia ao buscar proibir a presença de homossexuais no time.

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O atacante corintiano, que se declara heterossexual, se tornou alvo de protestos de cinco torcedores na segunda-feira (19) ao postar no dia anterior no seu perfil, no Instagram, uma imagem dele dando um selinho no amigo Isaac Azar, dono do restaurante Paris 6, nos Jardins.

O caso na Polícia Civil é apurado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Em entrevista nesta terça-feira (20), a delegada Margarette Barreto afirmou que quer ouvir a presidência da Camisa 12 para tentar identificar os integrantes da torcida e saber o que eles têm a dizer sobre o protesto que fizeram.

Também disse que pretende chamar Sheik à delegacia para saber se ele se sentiu ameaçado e se pretende fazer uma representação contra os membros da torcida. No caso da injúria é preciso uma queixa-crime.

“Para que a Decradi instaure um inquérito policial é preciso, no entanto, que o atleta represente ou que haja uma queixa-crime”, disse a delegada Margarette Barreto. “O que a delegacia está fazendo é uma investigação sobre uma ameaça de torcedores contra um jogador porque ele publicou uma foto beijando outro homem”, explicou.

Comentário em foto
Ao publicar a imagem, Sheik disse que tinha o objetivo de se manifestar contra o preconceito e homofobia. "Tem que ser muito valente para celebrar a amizade sem medo do que os preconceituosos vão dizer", escreveu como legenda da foto. A foto foi tirada após a vitória por 1 a 0 do Corinthians sobre o Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro, no Pacaembu.
No dia seguinte, cinco torcedores ligados à Camisa 12 foram à frente do Centro de Treinamentos Joaquim Grava e exibiram faixas contrárias a Sheik por ele ter divulgado foto na qual beija os lábios do colega.

"Viado não" e "Vai beijar a P.Q.P., aqui é lugar de homem" foram as frases escritas contra o atacante que participou da campanha mais importante da história do Corinthians: as conquistas da Taça Libertadores e do Mundial de Clubes. O grupo prometeu mais protestos contra Sheik nos próximos dias até que ele peça desculpas e se retrate publicamente.

Prevenção
Segundo Margarette Barreto, uma das atribuições da Decradi é monitorar grupos de intolerância justamente para prevenir e evitar que eles ajam contra grupos ou pessoas. “Esse preconceito contra o Sheik pode gerar um efeito onda. Homofobia é uma coisa séria. Para evitar que um mal maior aconteça já decidi pedir a investigação do caso. Existe o risco de o atleta ser agredido, ou de outros atletas e até gays serem agredidos por conta disso”, disse.

No entendimento da delegada, se os cinco torcedores da Camisa 12 forem identificados, eles poderão responder pelos crimes de ameaça (contra Sheik) e injúria (contra gays). “Fizeram ameaças de continuarem pressionando Sheik a pedir desculpas e também disseram que gay não joga no time porque futebol é lugar de homem”.

Para Margarette, a atitude de Sheik foi louvável. “Acho importantes que os atletas se engajem nisso porque futebol é um universo muito machista. Foi bem bonito e corajoso o que ele fez. Mais jogadores poderiam se engajar nessa causa contra o preconceito e contra a homofobia”.

Procurada para comentar o assunto, a Camisa 12 informou que ficaria com o contato da equipe de reportagem para depois retornar a ligação.

A reportagem também procurou a assessoria de imprensa do Corinthians para tentar um contato com Sheik. De acordo com uma assessora, o atleta estava concentrado nesta tarde em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, para um jogo da Copa do Brasil contra a Luverdense, na quarta-feira (21).

Isaac Azar também não foi encontrado, mas em entrevista ao GloboEsporte.com afirmou que a foto era um protesto contra pessoas que acreditam, por exemplo, na cura gay.

fonte: G1

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