sábado, 3 de agosto de 2013

Mato Grosso do Sul: Pai é indiciado por torturar filho gay e ameaçar arrastá-lo pela rua em Três Lagoas

Um pecuarista de Três Lagoas (328 km de Campo Grande) foi indiciado pelo crime de tortura ao agredir o filho – um adolescente de 16 anos –, que é homossexual. Segundo a polícia, o homem de 46 anos também usou uma corda para amarrar os pés do filho ao engate de uma caminhonete, ameaçando arrastá-lo pela rua, por causa da orientação sexual do rapaz.

As agressões foram cometidas na madrugada de segunda-feira (29). Segundo o delegado Paulo Henrique Rosseto de Souza, da 1ª Delegacia de Polícia de Três Lagoas, o pai ficou irritado depois que o filho chegou em casa, supostamente depois de um encontro. De acordo com o relato do adolescente, depois de dar um soco em seu rosto, o pai o jogou no chão e continuou com as agressões, dizendo que iria "arrancar o demônio a unha".

A mãe e o irmão mais velho conseguiram levar o adolescente à casa da avó. Mesmo assim, ainda conforme o que a vítima contou à polícia, o pai voltou a agredi-lo, batendo sua cabeça contra o chão. Depois da sessão de espancamento, o próprio pai levou o filho ao hospital, mas, segundo o rapaz, para que fosse "curado" da homossexualidade. Foi neste trajeto que o pecuarista ameaçou arrastar o adolescente.

Homofobia
O caso foi denunciado à Polícia Civil na terça-feira (30) pelo Conselho Tutelar, que foi acionado pela mãe do rapaz. O pai foi convocado para prestar depoimento, e, segundo o delegado, permaneceu calado durante todo o interrogatório. Rosseto diz que, além dos relatos da mãe e da vítima, outras duas testemunhas confirmaram as agressões.

O adolescente chegou a ficar um dia internado. Ele teve lesões no rosto e na perna e passou por exame no Instituto Médico Legal. O delegado responsável pelo caso aguarda o laudo para concluir o inquérito. "Infelizmente, em pleno século 21, ainda lidamos com casos de violência por causa de homofobia", disse Rosseto.

Como a legislação penal brasileira não prevê o crime de homofobia, o delegado decidiu indiciar o pecuarista pelo crime de tortura, que prevê pena de dois a oito anos de prisão. "Mas não há dúvidas de que as agressões foram motivadas por homofobia." O acusado também vai responder por injúria cometida contra o filho e a mulher.

"De família"
O pecuarista foi liberado, mas, segundo o delegado, não está descartado o pedido de prisão preventiva, caso ocorram novas agressões. Pai e filho estão em casas separadas, e a mãe pediu medidas protetivas à Justiça, para que o homem não se aproxime da residência.

Ainda de acordo com a polícia, o pecuarista é de uma conhecida família de classe média alta de Três Lagoas e é reincidente em crimes de agressão e violência doméstica, registrados em 2012. Em outras ocasiões, o adolescente já teria sido inclusive trancado no quarto pelo pai.

Até a conclusão dessa reportagem, não haviamos conseguido falar com o homem indiciado por torturar o filho.

fonte: UOL

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