sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Livro de reverendo homofóbico será investigado pelo MPF

Ministério Público Federal quer que editora de livro homofóbico indenize gays

Louis P. SheldonO Ministério Público Federal (MPF) respondeu pedido da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e deve instaurar um inquérito civil público sobre o livro “A Estratégia: o Plano dos Homossexuais para Transformar a Sociedade”, de autoria do reverendo Louis P. Sheldon.

O MPF quer ainda que a editora responsável pela publicação do livro no Brasil, a Editora Central Gospel Ltda, pague indenização às pessoas homossexuais. Em seu parecer, publicado na última quarta-feira, 12 de setembro, o procurador da República Sergio Gardenghi Suiama diz que a obra não fere apenas os homossexuais, mas toda a sexualidade alheia.

“Os trechos citados da obra, com efeito, não estão dirigidos a atacar o discurso ou as reivindicações políticas do movimento homossexual, mas sim a própria sexualidade alheia, qualificada de ‘repugnante’, ‘perigosa’, ‘vulgar’ e ‘assassina’, ao passo que as pessoas homossexuais são adjetivadas de “sexualmente imaturas”, moralmente irresponsáveis e emocionalmente instáveis”, diz Suiama.

Confira o parecer:
Por intermédio do Ofício n.º 5021/2012/PFDC/MPF, o Excelentíssimo Senhor Procurador Federal dos Direitos do Cidadão encaminhou ao signatário representação formulada pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS – ABGLT, pela qual a associação em questão solicita ao Ministério Público Federal providências acerca da obra “A Estratégia: o Plano dos Homossexuais para Transformar a Sociedade”, de autoria do Reverendo Louis P. Sheldon.

Alega a entidade representante que a obra em questão “perpetra uma inegável incitação ao ódio, ao preconceito e à discriminação contra homossexuais em geral”. Cita especificamente trechos do livro nos quais constam as afirmações: “Os promotores da estratégia, do plano homossexual, são pessoas cheias de ressentimento e ódio, misturados com autorrejeição e vergonha, e não desistirão até que tenham erradicado cada traço de moralidade e autocontenção” e “O problema não é simplesmente o tipo de sexo preferido pelos homossexuais, mas o estilo de vida que abraçam. Doenças, infecções, vícios em drogas e álcool, e ferimentos são comuns. Além disso, a evidência de disfunções sociais e emocionais é igualmente aterrorizante”.

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão solicita ao signatário, especificamente, que analise o livro e manifeste-se sobre a representação recebida, “informando à PFDC eventuais providências”.

3. Conclusão.
Pelos motivos acima expostos, entendemos que é cabível a intervenção do Ministério Público Federal com vistas à tutela coletiva dos direitos fundamentais à honra e à dignidade das pessoas homossexuais ofendidas pelo conteúdo do livro “A Estratégia: o Plano dos Homossexuais para Transformar a Sociedade”, distribuído no Brasil pela Editora Central Gospel Ltda. Os trechos citados da obra, com efeito, não estão dirigidos a atacar o discurso ou as reivindicações políticas do movimento homossexual, mas sim a própria sexualidade alheia, qualificada de “repugnante”, “perigosa”, “vulgar” e “assassina”, ao passo que as pessoas homossexuais são adjetivadas de “sexualmente imaturas”, moralmente irresponsáveis e emocionalmente instáveis”. Especificamente, vislumbram-se as seguintes providências cíveis que poderiam ser adotadas:

a) publicação de resposta coletiva, proporcional ao agravo, às expensas da editora, encartada no próprio livro ou em jornal de grande circulação;
b) indenização decorrente do dano moral causado à coletividade de pessoas homossexuais.

Tendo em vista que a editora responsável pela publicação da obra está sediada na Subseção Judiciária do Rio de Janeiro, opina o signatário pela instauração de inquérito civil público, e pela distribuição do feito ao Procurador natural com atribuição para os assuntos de cidadania que oficie naquela cidade. Após regular instrução, caberá ao colega definir a tutela cabível, observados os parâmetros constitucionais referidos na presente manifestação.

É o parecer, s.m.j.
São Paulo, 12 de Setembro de 2012.
SERGIO GARDENGHI SUIAMA
Procurador da República

fonte: MixBrasil

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