terça-feira, 31 de julho de 2012

Egito: Homossexuais temem retrocesso com a chegada de Mursi ao poder

Jovem egípcio afirma que sair do país pode ser única opção para ter seus direitos assegurados

Mursi pode por fim ao ativismo LGBT no EgitoApós multidões terem tomado a praça Tahrir, no centro do Cairo, para exigir a renúncia do ditador Hosni Mubarak, os homossexuais egípcios agora temem que todo o esforço nos protestos e manifestações realizados desde janeiro de 2011 tenham sido em vão. Apesar da satisfação da derrota de Ahmed Shafiq, ex-ministro de Mubarak que chegou ao segundo turno nas eleições presidenciais egípcias, os LGBT estão apreensivos com a vitória do novo presidente do Egito Mohammed Mursi, candidato apoiado pela Irmandade Muçulmana que pode vir a adotar a sharia (lei islâmica) representando um retrocesso nos direitos gays.

Apesar de não haver nenhuma legislação a respeito da comunidade LGBT no país, leis de "violação da honra", "prática imoral e comportamento indecente" e "ofensa aos valores religiosos" vêm sendo usadas na última década contra os homossexuais assumidos. O novo líder mulçumano poderá seguir o exemplo de quase todos os países islâmicos e passar a condenar veementemente os atos homossexuais.

No fim de junho, uma delegação egípcia pediu durante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, que a organização "concentrasse os seus esforços em 'pessoas reais' (e não nos direitos LGBT). E afirmou que "a noção de orientação sexual é um tema controverso e não faz parte dos direitos humanos universalmente reconhecidos".

O ativismo LGBT no Egito conta com poucos membros e nenhum deles assume publicamente a sua sexualidade. Jovens ativistas como o récem-assumido Ayman se veem entre sua fé, seu ativismo político e sua sexualidade. "Ser muçulmano e lutar em Tahrir foram escolhas minhas. Mas ser gay, não". E continua: "Eu não me sinto parte de nenhum grupo. Religião agora não faz muito sentido para mim. Tenho que admitir que as minhas convicções religiosas estão abaladas. E protestar na praça, como podemos ver, pode levar o Egito a uma situação ainda pior que a anterior".

Os amigos de Ayman temem pela sua segurança após ele ter usado o facebook para assumir sua homossexualidade há três semanas. Em 2004, um estudante foi condenado a 17 anos de prisão, incluindo dois anos de trabalho pesado, por ter criado um perfil em uma página de relacionamento gay. Sair do país se transformou na única opção. "Cedo ou tarde eu chegarei à conclusão de que minha família, minha religião e meu país verdadeiros não são aqueles onde eu nasci, mas os que me aceitam do jeito que eu sou e que defendem os meus direitos", conclui Ayman.

fonte: MixBrasil

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