segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Resolução da UNE pede ambiente mais tolerante para homossexuais

logo_une_seloEntre os das 14 e 17 de janeiro, cerca de 4 mil representantes dos universitários de todo o país se reuniram na Universidade Federal do Rio de Janeiro para o 13° Conselho Nacional de Entidades de Base da União Nacional dos Estudantes, UNE. O evento teve como objetivo traçar metas para a educação do país e resolver as prioridades dos estudantes das universidades privadas e públicas brasileiras.

A diretoria LGBT da UNE aproveitou a ocasião para lançar a campanha “Combate à homofobia: essa luta nos UNE”. “Através do movimento estudantil, diversas ONGs parceiras do movimento LGBT estão encontrando as portas abertas nas universidades para debater”, declarou o diretor LGBT, Denilson Alves. Ele explicou aos participantes do GT a iniciativa, cujo objetivo é atuar  em três frentes: o reconhecimento de que a homofobia existe, a identificação do problema e, finalmente, o combate.

“Não vamos conseguir acabar com a homofobia em um ambiente racista, em um ambiente machista. E isso precisa entrar na pauta para ser discutido”, afirmou uma estudante da Bahia, lembrando que é preciso reconhecer primeiramente que o machismo existe. “Com a eliminação da homofobia, a sociedade como um todo melhora”.

une estudantesCom o tema “Nas ruas de hoje o Brasil do amanhã”, 20 mesas discutiram temas relevantes aos estudantes durante os quatro dias do evento. O evento era aberto a qualquer universitário do país e teve ainda a 7ª. bienal da UNE em paralelo. A discussão envolveu questões da educação e temas político-sociais como reforma agrária, racismo, questão da mulher e reforma política. A pauta LGBT não teve mesa específica mas ganhou uma resolução, aprovada na plenária do último dia, reforçando o comprometimento da UNE com a inclusão de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros nas universidades.

Leia na íntegra:

RESOLUÇÃO LGBT DO 13º CONEB DA UNE
POR UMA UNIVERSIDADE FORA DO ARMÁRIO!

No último período o Movimento Estudantil de Diversidade Sexual organizado por estudantes, professoras/es, servidoras/es LGBT ou que lutam contra a discriminação e violência por orientação sexual e identidade de gênero, pautou centralmente a necessidade de avançar na Educação para conseguir boa parte das transformações que precisamos na Universidade e no conjunto da sociedade. 

É fato hoje que, se por um lado temos já inúmeros gays, lésbicas e bissexuais dentro da universidade, da escola e dos ambientes da educação, essa realidade não é de forma alguma a mesma para pessoas Travestis e Transexuais - que não chegam a ser nem 0,1% da comunidade universitária.

A situação se agrava ainda mais quando percebemos que no Brasil a violência contra LGBT aumenta cada vez mais.  Uma vez excluídas/os dos espaços educacionais, bem como expulsas/os do núcleo familiar, as pessoas trans terminam por ter como única alternativa, no geral, a prostituição ou trabalhos de menor valor e prestígio social para garantia de sua sobrevivência e sustento.

Muito ainda é preciso ser feito e cobrado com luta para avançar nessas transformações da Educação e da sociedade para que de fato inclua de forma digna pessoas LGBT. É preciso vencer de forma urgente a discriminação em todos os espaços educacionais e garantir que todas e todos tenham em pé de igualdade direito a acesso e permanência para estudar e construir suas vidas.

Essa transformação começa na formação do profissional de educação dentro da Universidade, pautando a inclusão do debate da Diversidade Sexual desde as licenciaturas até os quadros e projetos de pesquisa e extensão propostos e executados pelas universidades brasileiras.

É preciso que no próximo período a UNE a partir de seu peso institucional, político e social nos rumos da Educação e da democracia do país articule o movimento estudantil para que promova uma grande e intensa campanha pela inclusão de pessoas trans e de combate a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero dentro dos espaços educacionais no nosso país.

Não podemos mais permitir a falta de espaços na UNE que debatam a diversidade sexual e a livre orientação sexual e de identidade gênero.  A UNE possui desde 2005 na sua diretoria uma pasta LGBT fruto da luta e reivindicação de estudantes LGBT organizados especialmente a partir do Encontro Nacional Universitário sobre Diversidade Sexual – o ENUDS. É fundamental o fortalecimento dessa diretoria e dessa temática dentro da UNE, inclusive em espaços como o CONEB, CONUNE, CONEGs, Bienal e Caravanas da UNE.

É importante também que a UNE amplie cada vez mais o seu diálogo e articulação os coletivos e grupos universitários de diversidade sexual que têm referência na entidade a fim de organizar uma grande rede de luta pela livre orientação sexual e identidade de gênero.

Uma Universidade e uma Educação sem Homofobia, Sem Transfobia e Sem Lesbofobia precisa ser um direito de todas e todos e um valor promovido em nossos espaços e debates.

A UNE, que sempre foi vanguarda na defesa do povo brasileiro e da democracia, precisa reconhecer como gravíssima a violência e exclusão dessa população da Educação, que se reverbera em outras áreas como Cultura, Saúde, Trabalho, Assistência Social, Lazer e atrasa o desenvolvimento de toda nossa nação.

Por isso, nós estudantes LGBT presentes no 13º CONEB da UNE, propomos:

* Realiza o I Encontro de Estudantes LGBT da UNE;

* Construir a partir do I Encontro de Estudantes LGBT da UNE de uma ampla campanha nacional do Universidade Sem Homofobia, Lesbofobia e Transfobia – pelo fim da violência homofóbica/lesbofóbica/transfóbica na Educação! como uma campanha da UNE a ser tocada a partir dos CAs, DAs, DCEs e UEEs nas diversas universidades brasileiras;

* Apoiar e fomentar a realização dos Universidades Fora do Armário como ciclos de seminários e atividades de promoção da formação das e dos estudantes a cerca da cidadania LGBT e das questões relativas a diversidade sexual;

* Apoiar e fomentar a participação das e dos estudantes a partir dos DAs, CAs, DCEs e UEEs, na construção da II Marcha Nacional LGBT – convocada para 18 de Maio de 2011;

* Apoiar a realização do IX ENUDS, em 2011, na UFBA, a partir das entidades de base e gerais da UNE, bem como de sua Diretoria LGBT;

* Ampliar a aliança com as entidades nacionais do movimento LGBT como ABGLT, ANTRA, ABL, Rede Afro LGBT, LBL, E-Jovem, a fim de manter um canal de diálogo permanente entre o movimento estudantil e o movimento LGBT e suas pautas.

fonte: Lado A

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