sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Estados Unidos vislumbram o fim da lei contra gays declarados no Exército

A lei que impede a participação dos soldados declaradamente homossexuais no Exército dos Estados Unidos pode chegar ao fim antes do fim do ano no Congresso, onde o debate já não se baseia tanto em sobre se deve ser derrogada, e sim em quando isso deve ocorrer.

Após um primeiro revés no Senado em setembro e meses de disputas nos tribunais, o Governo de Barack Obama lançou uma segunda empreitada ao Congresso contra a política do "Don''t Ask, Don''t Tell" ("Não Pergunte, Não Diga"), que permite expulsar do Exército os soldados gays que declarem abertamente sua opção sexual.

Com a oposição de Obama à lei, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, e o chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Mike Mullen, pediram nesta quinta-feira à câmara alta que vote para derrubar a lei "antes que termine o ano" e antes, portanto, que mude a composição do Congresso, em janeiro de 2011.

Sua recomendação, transmitida em uma audiência no Comitê de Forças Armadas do Senado, se baseia em um relatório que o Pentágono publicou na terça-feira, e segundo o qual 70% dos militares americanos acreditam que acabar com a medida teria um impacto "positivo, misto ou inexistente" em sua missão.

Gates imprimiu um sentido de "urgência" ao voto sobre a lei, dado que o assunto está sendo julgado de forma "imprevisível" em vários tribunais, e foi inclusive declarado inconstitucional em um deles, quando, segundo o Governo, quem deve resolvê-lo é o Congresso.

Mas essa pressa enfrentou as dúvidas de uma ala da legenda republicana, liderada neste assunto pelo senador John McCain, sobre se este é o momento adequado para empreender uma mudança semelhante nas Forças Armadas, dada a complexidade das operações de combate na Guerra do Afeganistão.

"Não estou dizendo que essa lei não deva mudar nunca. Simplesmente estou dizendo que pode ser prematuro fazer esta mudança neste momento, e desta forma", disse nesta quinta-feira McCain na audiência.

Para Mullen, no entanto, "a guerra não reprime a mudança", mas pede por ela, e a mente cada vez mais aberta dos americanos faz com que não possa haver "uma oportunidade melhor ou uma geração melhor" para terminar com a medida, assinada pelo ex-presidente Bill Clinton em 1993.

Gates, por sua vez, considerou muito difícil que o fim do conflito no Afeganistão proporcione um cenário melhor para acabar com a medida, porque "o mundo não vai se transformar em um lugar mais seguro".

As vozes que estão a favor de derrogar a lei, aparentemente majoritárias no Congresso, deverão pressionar agora para fazer avançar o assunto dentro da acirrada agenda do último mês da legislatura, marcado pelo temor democrata ao fracasso de suas propostas com o aumento de representação republicana desde janeiro.

No entanto, essa corrida contra o relógio pode ser dificultada pelo recente acordo entre os republicanos do Senado de não votar sobre nenhum projeto até que se resolvam dois temas prioritários: a extensão dos cortes de impostos e o déficit federal.

O resto das dúvidas daqueles que se opõem à derrogação da lei se baseia na possibilidade de que afete a "coesão" das tropas, tal como indicou McCain nesta quinta-feira ao se mostrar cético perante a ideia de que os soldados declaradamente homossexuais possam compartilhar alojamento com os militares heterossexuais.

Gates respondeu que "haverá contratempos, mas não serão generalizados". No entanto, segundo ele, "é possível que se agrave o problema de assédios sexuais" nas missões em combate.

Um voto positivo no Senado acabaria com uma política que motivou a expulsão de 14 mil soldados ao longo de 17 anos, e significaria a maior transformação nas Forças Armadas dos EUA desde que uma ordem executiva de 1948 exigiu a integração racial em suas filas.

fonte: Terra

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