quinta-feira, 11 de novembro de 2010

São Paulo: Chanceler do Mackenzie divulga carta pública contra a criminalização da homofobia

Augustus Nicodemus Gomes LopesO chanceler e reverendo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes, divulgou uma carta pública no site da instituição na última terça-feira (10) declarando que a comunidade Presbiteriana e a instituição de ensino a qual ele representa é contra a aprovação da lei "anti-homofobia".

Intitulado "Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia", o texto inicia citando o Salmo 1 e, apoiado nele, atenta para o fato de que a cultura brasileira está "permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado".

Já no segundo parágrafo, o reverendo vai direto ao ponto e diz que no momento atual "uma questão tem chamado a atenção do povo brasileiro, é o projeto de lei em tramitação da Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade". Seguindo o jargão religioso, Gomes Lopes diz que a comunidade presbiteriana respeita "todas as pessoas", mas que também defende o direito de poder criticar estilos de vida que estejam em desacordo com as ideias da igreja, no caso, a homossexualidade.

O manifesto afirma que pretende servir de orientação para a comunidade acadêmica. A carta continua e diz que repudia a ideia de que as manifestações bíblicas contra a homossexuais sejam caracterizadas como homofóbicas. Diz ainda que os profissionais da igreja têm o direito de criticar estilos de vida que não são compatíveis com a vida na fé.

Mais adiante, a carta contrária ao PLC 122 afirma que a Carta Magna de 1988 já prevê "direitos e garantias individuais a todos os cidadãos". O texto e seu autor revelam uma falta de conhecimento da realidade, do Projeto de Lei 122 e até mesmo da citada Carta Magna, pois diz que os homossexuais contam com o "reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS..."

Ao fim do texto, há uma inversão de papéis e o chanceler da Universidade Mackenzie diz que o PLC 122 "afronta os Direitos Humanos" e diz que "pregar contra o homossexualismo (sic) não é homofobia", repetindo outro jargão religioso de que o PLC "maximiza direitos a um determinado grupo".

Você poder ler a carta na íntegra a seguir e no site da instituição.

"Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia

Leitura: Salmo
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.

Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:

"Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.

Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, ". . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher" (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).

A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.

Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo".

Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie"

fonte: A Capa

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