quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Agredido na Av. Paulista diz à polícia que jovem de 19 anos o segurou

‘Pode bater que agora ele está seguro’, teria dito suspeito de agressão. Delegado vai pedir a prisão preventiva do jovem maior de idade.

O rapaz agredido na Avenida Paulista no último dia 14 voltou a prestar depoimento nesta quarta-feira (24) no 5º Distrito Policial, na Aclimação, na região central. Depois de rever as imagens da agressão, flagradas por uma câmera do circuito de segurança de um prédio próximo ao local, a vítima, segundo o delegado José Matallo Neto, confirmou que foi atacado por um menor, de quem levou golpes com uma lâmpada fluorescente, e, em seguida, segurado por outro jovem, maior de idade. Pelo menos cinco jovens participaram da agressão na ocasião, sendo quatro adolescentes.

“Ele disse que estava passando pela Paulista com mais dois amigos no momento em que ouviu a expressão ‘oi’. Quando ele se virou para olhar, ele recebeu a lâmpada fluorescente na cara”, relatou o delegado sobre o depoimento do rapaz. Depois de tentar se defender de um segundo golpe, o rapaz então foi em direção ao primeiro agressor.

“Neste momento, ele foi pego por trás pelo maior de idade, que deu uma gravata nele. Ele foi imobilizado e, segundo ele, o maior falou: ‘Pode bater que agora ele está seguro’. Foi o momento que ele apanhou bastante. Ele reconheceu o menor que usou a lâmpada e o maior que o segurou”, afirmou o delegado. De acordo com Neto, o rapaz continua bastante chocado. “Quem apanha não esquece”, disse.

Com base no depoimento do rapaz agredido desta quarta-feira, o delegado confirmou que irá pedir a prisão preventiva do jovem de 19 anos que supostamente participou do ataque. “Não tenho a menor dúvida. Vamos fazer o relatório e vamos fazer o pedido de prisão preventiva dele, provavelmente nesta quinta-feira (25)”, declarou. O G1 tentou entrar em contato com o advogado de defesa dele, Edio Dalla Torre, para comentar as declarações do delegado, mas não conseguiu localizá-lo.

Além disso, o indiciamento dos suspeitos de agressão deverá ser mudado na conclusão do inquérito para tentativa de homicídio e formação de quadrilha, em vez de lesão corporal gravíssima, como foi relatado por ocasião do registro do boletim de ocorrência.

O grupo de cinco jovens - quatro menores deles menores de idade - teria agredido três pessoas na região da Avenida Paulista no dia 14 de novembro. O único maior, Jonathan Lauton Domingues, era aguardado para prestar depoimento na tarde desta quarta-feira. Porém, o advogado dele afirmou que o jovem não se apresentaria hoje à polícia. “As imagens não mostram meu cliente agredindo ninguém”, disse o defensor ainda na delegacia.

Na terça-feira (23), a Justiça decretou a internação dos quatro menores de 18 anos acusados das agressões em uma unidade da Fundação Casa, na capital paulista. O delegado aguarda o mandado de busca e apreensão para cumprir a decisão judicial. "O juiz optou para que fosse feita (a busca e a apreensão) pelo oficial de justiça. Por isso que os mandados não vieram para cá (para a delegacia). Se não conseguirem (encontrá-los), provavelmente venham para cá os mandados", disse Neto.

Outra suposta vítima
Um estudante de 19 anos afirmou à Polícia Civil ter apanhado em uma danceteria da Zona Sul de São Paulo do mesmo grupo de jovens que horas depois agrediu as três pessoas na Avenida Paulista. Ele declarou em seu depoimento, e confirmou por telefone ao G1 nesta quarta-feira, que identificou os cinco suspeitos do crime pelo Orkut e pelas imagens das câmeras de segurança divulgadas pela investigação.

Ainda segundo a suposta vítima, o mesmo adolescente de 17 anos que aparece no vídeo desferindo um golpe com uma lâmpada fluorescente no rosto de um jovem foi quem primeiro bateu nele na casa noturna. Ele também teria sido agredido pelos companheiros do adolescente. Diferentemente das outras três agressões na Avenida Paulista, que teriam sido motivadas por homofobia, na danceteria, tudo teria ocorrido por causa de um esbarrão.

“Eu esbarrei nele sem querer e ele veio para cima de mim. Tenho certeza de que se trata da mesma pessoa que aparece batendo com a lâmpada no outro rapaz. Vi as fotos no site [de relacionamentos na internet] e comparei com as imagens das câmeras de segurança mostradas na televisão”, disse o estudante. Ele só aceitou falar com o G1 sob a condição de que seu nome não fosse divulgado. A vítima sangrou a boca, teve fratura na região e quase perdeu os dentes. Ele terá que se alimentar somente de líquidos durante dois meses.

O delegado responsável pelo caso vai solicitar as imagens da danceteria para tentar ver se elas gravaram as agressões aos estudante de 19 anos. E ainda para esta quarta é aguardada a chegada do jovem atingido pela lâmpada para prestar novo depoimento no 5º Distrito Policial. Os advogados de alguns dos menores foram à Vara da Infância e Juventude pedir para que os jovens não sejam internados.

Mesma roupa
Segundo a vítima agredida na boate, o jovem que aparece desferindo golpes com a lâmpada na Avenida Paulista usava a mesma roupa do seu agressor na danceteria. Ele afirma ainda que o grupo de agressores é famoso por bater em pessoas gratuitamente. A informação, segundo ele, foi obtida na boate e na internet. “Foi isso que me levou a procurá-los no Orkut, mas o perfil do agressor já foi retirado do ar. Espero agora que a Justiça seja feita”. Segundo a vítima, ele fazia parte de comunidades de cunho violento no Orkut como “Um soco vale mais que mil palavras” e “Comigo é joelhada na cara”.

“Todas essas informações estão conosco e serão levadas à Promotoria da Justiça da Vara da Infância e Juventude”, afirmou o delegado José Matallo Neto, que pretende pedir a prisão do único maior do grupo, suspeito de incitar os outros menores a praticar as agressões. “Ainda não sei quando pedirei a preventiva. Isso deve ocorrer após o suspeito ser ouvido ou nos próximos dias. Esse maior seria o mentor de todas as agressões”.

Apesar de todas as vítimas se dizerem heterossexuais, o delegado afirmou que isso não muda o foco da investigação que apura se a motivação das agressões foi homofóbica. “Pelo menos no caso dos agredidos na região da Paulista, eles teriam sido confundidos com gays. No caso da danceteria, seria por causa de uma desavença na entrada da casa”.

O G1 não conseguiu localizar os advogados dos suspeitos para comentar o assunto.

fonte: G1

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