terça-feira, 18 de maio de 2010

'Glee' rebate críticas de tabloide com participação de ator gay

Neil Patrick Harris O criador da série Glee, Ryan Murphy, não poderia ter encontrado momento mais oportuno se tivesse ele mesmo planejado o acontecido.

Uma semana depois que propôs um boicote à revista Newsweek devido a uma coluna que sugere que homens gays não conseguem interpretar papeis heterossexuais, a série que ele comanda exibirá hoje um episódio que satiriza a atitude da revista como se ele estivesse escrito o roteiro especificamente em resposta ao artigo.

O episódio é aguardado há meses, com Neil Patrick Harris como um velho inimigo de Will Schuester (Matthew Morrison), o professor que dirige o grupo de canto. Harris, frustrado por seu fracasso como cantor, oculta seu amor pela música e lidera um grupo de "conversão de viciados em canto".

Com direção de Joss Whedon, com quem Harris já tinha trabalhado em Dr. Horrible's Sing-Along Blog, o episódio de hoje uma vez mais usa o canto como metáfora para a homossexualidade, e traz astros convidados como Molly Shannon e John Michael Higgins se esforçando para combater a sanha de subir ao palco e cantar.

"Sempre que algo de ruim acontecia, eu dizia que queria cantar", diz Higgins, no papel de Russell, um viciado em canto que tenta a recuperação. "Bem, adivinhe: cantar sobre o câncer de próstata de seu pai só vai deprimi-lo ainda mais".

"Cantar no teatro mata", diz o personagem de Harris, em confirmação.

A tática é antigas: substitua o tema sobre o qual realmente quer falar por algo tolo e o absurdo da situação não demora a transparecer.

E ao longo do caminho Murphy criou uma refutação profundamente elegante à tese de Newsweek, estrelada por um ator cuja carreira é prova gritante de o quanto a teoria da revista estava errada.

Gay assumido fora das telas, em Glee Harris interpreta um heterossexual capaz de roubar muitas das namoradas de Schue durante o segundo grau, e pervertido o bastante para ser apanhado em posição comprometedora com a vilã oficial da série, Sue Sylvester, ela mesma interpretada por uma atriz homossexual. (Os fãs certamente vão se deliciar com a ironia.)

Harris interpretou muitos papeis heterossexuais em sua carreira, de Mozart, no palco, na peça Amadeus, ao galinha compulsivo Barney Stinson, em How I Met Your Mother, série cômica da rede CBS -fato ignorado por Ramin Setoodeh, crítico gay de teatro e autor da coluna que, em 26 de abril, proclamava que "embora seja normal atores hétero interpretarem gays, é difícil que alguém consiga fazer o oposto".

Fica evidente que a coluna na verdade se refere ao que o autor sente ao ver atores gays interpretando papéis heterossexuais -e, por extensão, à reação do público quanto a isso; ele pouco tem a dizer sobre o que os atores mesmos fazem. Mas ainda que Setoodeh tenha alegado esses argumentos em sua defesa, boa parte do texto dele é uma crítica aos defeitos de Sean Hayes, em Promises, Promises, e de Jonathan Goff, em Glee, na interpretação de heterossexuais.

E foi por isso que Kristin Chenoweth e Murphy, os dois de Glee, resolveram protestar; o produtor declarou que a tese de Setoodeh é o mesmo que dizer que atores negros só podem interpretar empregados domésticos.

A verdade é que Murphy nem precisaria ter se incomodado -a não ser que estivesse em busca de publicidade grátis; o episódio de hoje é refutação muito mais poderosa, envolta em uma alegre afirmação de como é bom seguir aquilo que nos apaixona, a despeito dos estereótipos em que algumas pessoas prefiram nos enquadrar

fonte: Terra

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