Portadores de HIV e representantes de organizações não governamentais (ONGs) realizaram na manhã desta quarta-feira (28) um ato público em defesa do acesso a medicamentos antirretrovirais fornecidos pelo governo federal em frente ao Ministério da Saúde (MS). A manifestação ocorreu também nas secretarias de Saúde de 18 Estados do país.
Desde dezembro, os portadores de HIV sofrem com a falta do medicamento Abacavir, além da redução do estoque de mais três remédios: o Lamivudina, Efavirenz e Zidorrudina. Em Brasília, os manifestantes foram recebidos pelo coordenador do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Bezerra, e pela secretária executiva do Ministério da Saúde, Ieda Diniz.
O aposentado Lucier Pereira, morador de Ceilândia, cidade do Distrito Federal a 26 quilômetros doe Brasília participou da manifestação. Usuário do Abacavir, ele precisou substituir o medicamento por outro, o Biovir. No entanto, o remédio contém em sua composição o AZT, substância a qual Lucier apresenta intolerância. “Além de não ter o mesmo resultado do Abacavir, sofro com efeitos colaterais como náuseas e vômito.”
Entre os manifestantes estava também o cabeleireiro Alex Fabiano de Souza, dirigente do Grupo de Apoio a Portadores da Aids de Montes Claros (MG). “Minha ONG tem 15 crianças que sem os remédios podem morrer”, disse.
A assessoria do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério informou que a entrega do Abacavir deve se normalizar na próxima semana. O medicamento importado chegou ontem (27) ao país, mas ainda precisa passar pela inspeção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de ser redistribuído.
A falha na distribuição teria ocorrido porque o laboratório responsável pelo medicamento demorou a se adequar a algumas normas estabelecidas pela Anvisa. Após a adequação, o produto não pôde chegar ao Brasil devido à crise área na Europa.
Sobre o outros medicamentos de fabricação nacional, a assessoria explicou que a redução no estoque foi causada por atraso na fabricação. Com a necessidade de recorrer aos estoques de reserva, os centros de saúde estavam distribuindo medicamento para o uso durante dez dias, em vez de um mês. Por meio de nota, o ministério informou que a distribuição da produção entre os laboratórios nacionais já foi reprogramada para garantir o abastecimento regular da rede e a recomposição dos estoques.
Segundo a dirigente do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas com sede em Brasília, a psicóloga Regina Cohen, problemas na distribuição não são frequentes, mas preocupam muito os portadores de HIV. “Questionamos o que é que causa isso, se é má gestão ou falta de dinheiro. Será que no próximo governo esse programa vai continuar? Hoje somos dependentes desses medicamentos. Eles são nossa saúde e qualidade de vida.”, ressaltou.
fonte: UOL
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