domingo, 14 de fevereiro de 2010

Jovens gays não acreditam que homofobia aumente incidência de HIV

Pela primeira vez, o Ministério da Saúde neste ano realiza uma campanha de carnaval voltada também para jovens gays. O motivo é que em 2007, 39,2% dos casos diagnosticados de aids foram entre os homens que fazem sexo com homens. A Agência de Notícias da AIDS ouviu alguns deles e um especialistas para comentarem os comportamentos desta faixa-etária. A maioria acredita que o fator não é causado por falta de informação e nem homofobia (preconceito contra a população LGBT), mas porque não prestam atenção devida ao assunto.

“Falta de informação não é justificativa, hoje temos o acesso à internet. O público jovem não se preocupa em correr atrás dessas informações, eles estão focados em outras coisas”, disse o estudante Daniel Martins, 23 anos. Segundo ele, as dificuldades em ‘sair do armário’ (assumir ser homossexual para família e amigos, por exemplo) também não justificam a falta do uso da camisinha, uma vez que não há ausência de informações. ‘É difícil contar, mas isso também não justifica”.

De acordo com o médico hebiatra (especialista em adolescentes) e técnico da Gerência de DST/Aids do Distrito Federal, Ricardo Azevedo, a confiança no parceiro é um problema. “Muitas vezes eles não têm apoio, seja da família ou dos amigos, então buscam suporte no parceiro, estabelecendo uma relação de confiança e não usam o preservativo”.

Thiago Jun, 24 anos, tem a mesma opinião. “Confiança no parceiro é uma contribuição muito forte para o descuido. Fora que ainda existe o mito que sexo oral não transmite HIV, o que não é verdade”, disse. Jun conta que já fez teste de HIV, um pouco antes de iniciar um namoro há cinco anos. “Não usei camisinha em relação estável, talvez não tenha sido certo”, afirma.

O coordenador do E-Sampa (grupo de apoio a jovens gays), Felipe Leite Policisse, 17 anos, os jovens não se sentem identidade com campanhas em geral do uso de preservativos. “Falta mídia para o jovem LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) porque eles não pensam em fatores de risco e acham que isso nunca vai acontecer. Ainda mais os homens que fazem sexo com homens, que não se sentem gays, não se identificam com as propagandas”.

O médico Ricardo Azevedo também lembra de outro detalhe. “As relações anais, sem uso do preservativo, oferecem maior risco à infecção pelo HIV do que as vaginais, pela falta de lubrificação e maior possibilidade de pequenos ferimentos. Mas é preciso lembrar que elas não acontecem apenas entre casais homossexuais e que o uso do preservativo em todas as relações de maneira correta oferece proteção eficaz tanto para homo quanto para heterossexuais”, finaliza.

Os jovens estiveram na Av. Paulista, há uma semana, participando de ‘beijaço’ promovido no Twitter na defesa do terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3).

fonte: Agência de Notícias da AIDS

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