segunda-feira, 27 de agosto de 2012

São Paulo: Parada da diversidade reúne mais de 50 mil pessoas em Bauru

Parada Gay Bauru 2012A 5ª Parada da Diversidade de Bauru, no interior de São Paulo, reuniu quase 60 mil pessoas na tarde de ontem, segundo os organizadores, para pedir o fim da homofobia. A concentração aconteceu em frente à praça da Paz, e de lá a multidão embalada pelo som de três trios elétricos seguiu pela avenida Nações Unidas, uma das principais da cidade, seguindo até o parque Vitória Régia, cartão postal do município.

De acordo com a Associação Bauru pela Diversidade (ABD), organizadora do evento, a parada em Bauru é considerada a maior do gênero no interior do Estado de São Paulo, ficando atrás apenas da edição realizada em Campinas, que reuniu 100 mil pessoas em julho. Gays, lésbicas, travestis, transexuais e simpatizantes do movimento cantaram e dançaram. Os organizadores focaram no tema "empregabilidade gera cidadania". "Nossa luta é para incluir todas as pessoas na sociedade sem distinção pela escolha sexual", disse Rick Ferreira, presidente interino da ABD.

Rick Ferreira lembrou ainda que o ano que passou foi marcado por cinco casos de homofobia, entre eles duas mortes. "A partir do momento em que ganhamos visibilidade, estamos nas novelas, na mídia e nas ruas, os casos de intolerância se multiplicam. Não queremos isso, queremos que cada um tenha o seu espaço", afirmou o organizador.

A quinta edição do evento em Bauru foi marcada ainda pela presença do casal homoafetivo Charles de Oliveira Trevisan, 25 anos, e Cauê de Oliveira Trevisan, 20 anos; eles conseguiram na Justiça o direito de oficializar a união civil em cartório. Já na abertura do evento e simbolizando a conquista do casal, foi entregue ao prefeito da cidade, Rodrigo Agostinho, a cópia do processo de habilitação para o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em Bauru.

"Lutamos por quase dois anos na Justiça para conseguir oficializar nossa união. Estamos muito felizes", relatou Cauê Trevizan. Pela importância do fato, o prefeito determinou que a documentação fosse arquivada no Museu Histórico Municipal de Bauru.

Os estudantes Gabriel Teixeira e Renan Merlin, ambos de 19 anos, participaram da parada pela primeira vez. Para demonstrar o carinho que sentem um pelo outro o casal criou uma camiseta onde declararam o amor mútuo. Eles estão juntos há 10 meses e relatam já ter sido vítimas de preconceito. "Isso acontecia muito na escola, mas entre nossas famílias fomos aceitos", revelou Gabriel.

A parada teve início às 16h e percorreu cerca de 2 km até o parque Vitória Régia, onde foi montado um palco para a apresentação do conjunto O Teatro Mágico, que encerrou a edição do evento deste ano.

Fernando Anitelli, vocalista e líder da banda, afirmou que a conjunto é a favor da liberdade em todos os sentidos e citou um trecho de uma composição. "O importante é que as pessoas sejam livres para fazer as suas escolhas e não sofram discriminação por isso. É como o que pregamos em uma de nossas canções 'Essa hetero-intolerância-branca... Te faz refém. Ter direito ao corpo e ao proceder... sem inquisição'."

Igreja inclusiva
Bauru ganhou há cerca de dois meses uma igreja que não condena o homossexualismo e que prega a inclusão social. Durante a Parada da Diversidade, um grupo de fiéis convidava os participantes para conhecer a igreja. De acordo com o reverendo Aloísio Pereira da Silva Júnior, da Igreja Inclusiva Monte da Adoração, casais homossexuais e garotas de programa, por exemplo, são livres ali para professar sua fé.

"Era seminarista da Igreja Católica quando me descobri gay e pedi que Deus me orientasse para que eu pudesse ser 'usado' por Ele de uma forma a levar a sua palavra para as pessoas que são como eu e sofrem discriminação." A igreja existe há 40 anos no mundo, e no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, há pelo menos uma década. A de Bauru é a primeira no interior do Estado.

fonte: Terra

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