terça-feira, 31 de maio de 2011

“Alunos não precisam aceitar, mas têm de saber opinar”, diz professora transexual

Marina ReidelOs adolescentes brasileiros estão prontos para discutir a diversidade sexual em sala de aula. Uns têm preconceito, mas muitos outros estão cheio de curiosidade e disposição para debater o tema. Assim pensa a transexual Marina Reidel, professora na escola estadual Rio de Janeiro, em Porto Alegre (RS), e na Fundarte, em Montenegro, no mesmo estado. “Eles querem essas aulas e gostam delas, pois conhecem algo que não é vivido na família.”

Por essa razão, a professora acredita ser um retrocesso o veto ao “kit gay”, como é chamado o material didático criado pelo MEC (Ministério da Educação) para combater a homofobia. “O material é de boa qualidade, não ensina ninguém a ser gay e mostra a realidade na qual vivemos, pois temos alunos que precisam desse apoio”, diz.

“Hoje [no dia da entrevista], inclusive, eu propus um trabalho com tema livre e um grupo decidiu falar sobre a diversidade sexual. Isto é, eles mesmos pedem para falar e alguns até dizem ‘eu não homossexual, mas respeito’.”

A professora, que não revela a idade, transformou-se de Mario em Marina há dez anos. Hoje em dia, é um ícone da luta pelo debate da diversidade sexual em sala de aula. Ela pesquisa o assunto para sua dissertação de mestrado, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e já participou de palestras e cursos de capacitação dentro e fora do estado.

Quando era criança, no interior gaúcho, sofreu maus-tratos constantes na escola. Antes da transformação, foi ofendida por alunos e rejeitada por alguns pais. Mas ressalta que foram apenas alguns casos. “Os adolescentes são muito mais abertos do que se pensa na hora de trabalhar a diversidade sexual em aula. É fundamental que haja o esclarecimento, pois o preconceito vem da falta de conhecimento”, acredita.

Na opinião dela, atitudes preconceituosas não devem ser toleradas na escola, e é tarefa de professores e gestores evitar que isso aconteça. “Na minha escola, não aceito esse tipo de brincadeira. Queremos educar cidadãos. Se eu permito essa atitude, mais tarde os alunos sairão em praça pública agredindo a todos.”

Marina conhece outras 16 professoras transexuais na rede pública brasileira e acredita que haja muitas outras. Elas são exceções numa dura realidade – grande parte dos travestis e transexuais tem dificuldade para conseguir um emprego, pois abandona a escola antes de se formar. “Muitas estão na prostituição porque foram expulsas em algum momento da escola e da família. Elas não têm o ensino fundamental e caem nesse mundo”, afirma.

fonte: UOL

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