atualizado 15.2.11 às 18:04
"Acordem, meninas. São 7h, a diária acabou", diz o vigia de um estabelecimento comercial localizado na avenida Paulista.
Ele está falando com Samuel, 38 anos, Joaquim, 35, Josué, 42, e Leandro, 23, moradores de rua e gays. Todos possuem uma identidade feminina: Sam, Giovanna Antonelli, Kelly ("de Grace Kelly") e Ludmila.
Eles vivem em grupo para se proteger. Nos últimos meses, cresceram as agressões a moradores de rua e gays na avenida Paulista. Por serem pedintes, homossexuais e viverem na região, os quatro se dizem triplamente expostos. Contam que já apanharam da polícia, de skinheads e até de outros moradores de rua.
Todos esses mendigos gays têm em comum histórias de rejeição, dependência de álcool e drogas, prostituição e abuso sexual.
Sua maior queixa é a intransigência dos abrigos, que proíbem a entrada de mendigos vestidos de mulher. "Dizem: 'senhora, tem de colocar roupa de homem'", diz Kelly.
Com isso, muitos buscam esconder a homossexualidade para conseguir vaga nos albergues e se precaver da violência e da discriminação dos outros abrigados.
A situação chegou aos bancos acadêmicos e virou tema de pesquisas de pós-graduação na USP e em outras universidades paulistas.
Também mobilizou a militância gay, que negocia com a prefeitura a abertura do primeiro albergue exclusivo para gays, lésbicas, travestis e transexuais. "Se cederem o imóvel, no estado em que estiver, reformo com o meu próprio dinheiro", afirma o empresário Douglas Drumond, dono da sauna gay 269, na região da avenida Paulista.
Veja o documentário “O Outro Lado”, de Douglas Drumond:
fonte: Agora São Paulo / Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário