Um grupo que se reuniu pela internet promoveu no fim da tarde deste domingo, na região central de São Paulo, um beijaço para chamar a atenção sobre os últimos episódios de agressões contra gays na capital paulista. Os manifestantes também pediram a aprovação do projeto de lei complementar que criminaliza a homofobia (PLC-122).
"Nós sofremos bullying todos os dias e ainda temos dificuldade de denunciar as agressões, sejam físicas ou verbais. A lei aprovada nos ajudaria muito", disse o servidor público Felipe Oliva, 27 anos, um dos organizadores do evento.
Com cartazes e apitos, eles se reuniram em frente a uma doceria onde um casal homossexual foi discriminado, segundo o grupo, porque se abraçou em público. O beijaço comandado por drag queens aconteceu na entrada do estabelecimento. O advogado André Bocuzzi, 27 anos, acredita que o ato pode contribuir na luta contra o preconceito. "As pessoas só vão se acostumar quando ver o beijo gay com maior frequência".
Além de uma equipe do programa CQC, da Band, o jornalista Leão Lobo foi ao local para apoiar a iniciativa. "Acredito que atos como o de hoje tendem a ser mais frequentes, principalmente depois das agressões. Não devemos nos limitar a uma Parada Gay para nos manifestar contra a discriminação", disse.
Após o beijaço, os manifestantes subiram em passeata cerca de seis quarteirões da Alameda Campinas até o trecho da avenida Paulista, onde um jovem foi agredido com uma lâmpada fluorescente. Com o apoio de policiais militares em duas motos e uma viatura, eles gritavam frases como "contra homofobia, nossa luta é todo dia".
"Ninguém quer transformar heterossexuais em gays. Queremos apenas igualdade", disse o empresário Abimael Santos, também conhecido como a drag queen Bill, logo à frente do grupo, que também ganhou o apoio dos paulistanos que passavam pela principal avenida de São Paulo.
"Acho super válido. Todos temos direito de dar opinião e se manifestar contra a falta de respeito às minorias", afirmou a designer Rosane Guimarães, 49 anos, pouco antes de a manifestação terminar, por volta das 19h30. O ato não prejudicou o trânsito de veículos na região.
Agressões
De acordo com a polícia, a primeira agressão teria acontecido após as 3h do dia 14 de novembro na avenida Paulista, uma das principais da cidade. Um homem de 23 anos teria levado socos no rosto. Quando estava no chão, seu celular e sua carteira teriam sido levados pelos agressores.
Na sequência, segundo o boletim de ocorrência, um fotógrafo e um estudante de 19 anos, que estavam juntos em um ponto de taxi, foram atacados. Quando o grupo de agressores se aproximou, teria dito que eles eram "um casal", os chamado de homossexuais e agredido os dois com socos na cabeça.
O fotógrafo conseguiu correr para uma estação de Metrô e permaneceu no local até que os agressores fossem embora. Já o estudante de 19 anos não conseguiu fugir e foi espancado. Uma lâmpada fluorescente foi usada no espancamento, provocando cortes graves. Ele foi encaminhado para o Hospital Oswaldo Cruz, medicado e liberado.
A polícia também investiga duas outras vítimas do grupo, uma que teria sido roubada e outra que disse ter sido agredida em uma festa, no mesmo dia dos ataques na avenida Paulista.
Semanas após os ataques, um rapaz que não quis se identificar prestou depoimento à Polícia Civil afirmando ter sido vítima de agressão pelo mesmo grupo de jovens, em 14 de março, na rua Augusta. Ele disse que reconheceu dois dos agressores por meio de imagens veiculadas na mídia. Segundo investigação da polícia, esta é a sexta pessoa que prestou depoimento no 5º Distrito Policial (Aclimação) afirmando ter sido vítima do grupo.
Segundo depoimento à polícia, o rapaz disse que levou vários socos do único jovem maior de idade que integra o grupo e que foi imobilizado por um menor. "Ele me deu vários socos. Tive uma dilaceração dos ossos do globo ocular e vou para a segunda cirurgia de reparação", afirmou.
fonte: Terra
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