quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vaticano assume não ser competente para falar de homossexualidade e pedofilia

cardeal Tarcisio Bertone As declarações controversas do Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, associando pedofilia à homossexualidade, assim como a contestação veemente por parte de políticos, médicos e ativistas dos direitos homossexuais, levaram o Vaticano a declarar oficialmente não ter competência para tratar a questão.

“As autoridades eclesiásticas consideram que não são competentes sobre temas de caráter médico e psicológico e assinalam os estudos especializados e as investigações em curso sobre o tema”, resume uma nota divulgada pelo porta-voz do Papa, padre Federico Lombardi.

Durante entrevista coletiva no Chile, na última segunda-feira, 12 de abril, o cardeal Bertone afirmou, entre outras coisas, que  “diversos psicólogos e psiquiatras já declararam que não há relação entre o celibato e a pedofilia, enquanto muitos outros disseram, pelo que fui recentemente informado, que há a relação entre pedofilia e homossexualismo”.

"Uma das figuras mais homofóbicas do mundo”
As declarações do cardeal foram veementemente condenadas por autoridades. O porta-voz da chancelaria francesa, Bernard Valero, por exemplo, declarou que a associação feita por Bertone  “é um amálgama inaceitável que condenamos”.

No Chile, o deputado comunista Hugo Gutiérrez afirmou que “o celibato causa mais danos a um ser humano que a condição de homossexualidade”. “Estou constrangido com as palavras deste alto dignatário da Igreja", afirmou à AFP.  “A gente nunca vai parar de se surpreender com as declarações dessas pessoas. A Igreja deveria ser mais bondosa e caridosa com os homossexuais, em vez de ficar atribuindo pecados a eles”, acrescentou ainda Gutiérrez.

Médicos, políticos e militantes homossexuais pediram também que Bertone apresentasse alguma prova de sua “teoria”. O senador democrata-cristão Patricio Walker, por exemplo, afirmou que “gostaria de conhecer os estudos científicos que ele diz ter”. “Estudei o tema, não sou psiquiatra, mas advogado. No entanto, já apresentei muitos projetos contra a pedofilia, que agora viraram lei. A pedofilia é um transtorno mental de caráter sexual que afeta tanto homossexuais como heterossexuais", ressaltou.

O presidente do Movimento de Integração e Libertação Homossexual do Chile (Movilh), Rolando Jiménez, também exigiu a apresentação de provas. O Movilh já tinha refutado a visita de Bertone ao país devido declarações semelhantes, feitas anteriormente pelo cardeal.

Em manifesto divulgado na semana passada, os ativistas acusam o secretário de ser “uma das figuras mais homofóbicas do mundo” e afirmam que tais posicionamentos são “descarados e inumanos” e chegam ao “ imoral e cruel extremo de utilizar a orientação sexual dos padres como 'bode expiatório' das acusações de pedofilia que pesam sobre os sacerdotes no mundo”.

fonte: G Online

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