Casais gays já estão em todas as novelas e sem caricaturas

por Patrícia Kogut

O beijo gay na TV já foi um tema que pegou fogo. Hoje, parece ofuscado por discussões mais adiantadas. Os personagens gays, com beijo ou sem beijo, estão nas novelas com força e tratados com cada vez maior naturalidade. São tipos distantes da representação caricata que os acompanhou durante anos. Em “Amor à vida”, trama das 21h que estreia esta noite, Mateus Solano será Félix, bissexual casado com uma mulher. Marcello Anthony e Thiago Fragoso viverão um par. Ao site da produção (na Globo.com), Fragoso disse: “Quero que a gente consiga mostrar uma família feliz, segura, em que todos se amam. Quero que o público torça por esse casal e que isso vire um marco na TV, assim como já fazem com qualquer outro casal heterossexual”.

As novelas, ao contrário dos embates políticos da vida real — como o do pastor Marco Feliciano versus Jean Wyllys por causa dos direitos civis dos gays — não deslizam no trilho da militância. Claro que uma trama é vista por milhões o que, indiretamente, é político. Mas a teledramaturgia ilumina uma realidade, assinala um comportamento que está aí, na vida.

Em 2011, no último capítulo de “Insensato coração”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, vimos a cerimônia de casamento entre Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo). O tema continua fervendo: na semana passada, acompanhamos nos noticiários a guerra pela permissão dada ao CNJ para os cartórios oficializarem o casamentos entre gays.

Nos Estados Unidos, diversas séries retratam a nova família. Saiu no Huffington Post que um grupo conservador antigay, o One Million Moms, está chamando para si a responsabilidade pelo cancelamento da série da NBC “The new normal” depois de uma só temporada. O programa mostra um casal de pais gays. A matéria diz que várias outras séries como “The Cleveland show” e “The secret life of the american teenager” estariam no paredão por causa da militância incansável do One Million Moms. Alguém avisa a esse pessoal que a guerra deles está perdida. A realidade se impõe. E a ficção vai atrás.

fonte: O Globo