domingo, 21 de novembro de 2010

Distrito Federal: Rapaz pode ter sido vítima de ataque homofóbico

"Se ela não quer ficar com você, eu quero". A frase que o estudante Pedro, de 20 anos, afirma ter dito para um jovem que insistia em "ficar" com a sua amiga pode ter provocado um ataque supostamente homofóbico no estacionamento da lanchonete McDonald's na Asa Norte, em Brasília, na madrugada de sábado.

Em reação, o jovem e dois amigos teriam chutado diversas vezes a porta do automóvel onde Pedro e amiga estavam e onde tomavam um lanche. "Não fui agredido porque eles não conseguiram me tirar do carro", afirma Pedro. "Mas o carro ficou avariado na porta. Fizemos a perícia."

Pedro contou que ele e a amiga foram à delegacia registrar ocorrência. Uma testemunha anotou a placa do carro onde estavam os agressores. Mas até agora o estudante afirma não ter tido notícias sobre se os autores da agressão foram localizados.

O estudante disse que registrou o ocorrido por causa dos danos ao automóvel. Mas afirmou que, mais tarde, percebeu que poderia se tratar de um caso de homofobia. Se for necessário, ele disse que vai refazer o boletim de ocorrência para registrar o incidente como um episódio de homofobia.

fonte: UOL

Clima eleitoral pesou para recentes casos de homofobia, dizem líderes do movimento gay

Jovem baleado durante marcha. Grupo agredido com lâmpadas em plena luz do dia. Texto em site de universidade que minimiza o preconceito contra homossexuais. Perfil no Twitter que, da noite para o dia, atrai mais de 15 mil "advogados da homofobia". Para líderes do movimento gay ouvidos pelo UOL Notícias, esses acontecimentos em menos de um mês refletem um debate conservador durante as eleições presidenciais deste ano.

No segundo turno, os então candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) travaram uma dura batalha pelo apoio de religiosos, supostamente por parte deles ter dado quase 20 milhões de votos à evangélica e ambientalista Marina Silva (PV) no primeiro turno. Religiosos cristãos conquistaram, então, um importante pedaço da agenda dos presidenciáveis, ávidos por parecerem confiáveis a eles.

Isso, dizem líderes do movimento de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros), deu impulso a pastores, padres e bispos que defendem abertamente a prática da homofobia e condenam a homossexualidade. A partir daí, afirmam, outras pessoas se sentiram confortáveis para manifestar preconceitos, como os que geraram os incidentes dos últimos dias.

“Desconectar essa violência recente do clima eleitoral é não enxergar o óbvio”, afirma o deputado eleito Jean Wyllys (PSOL-RJ), assumidamente homossexual. “A situação é complexa, os dois lados erraram. Mas foi a campanha de Serra que tomou a dianteira, porque leu equivocadamente o apoio a Marina. Quando um candidato importante usa na TV pastores que defendem a homofobia, a tensão se reforça.”

Ex-católico, Wyllys afirma que sempre houve homofobia no Brasil, mas avalia que o debate presidencial abriu espaço, principalmente na internet, para manifestações preconceituosas e que contribuem para ações violentas. “Fiz toda minha campanha em rede sociais e ameaças houve do começo ao fim. No segundo turno, mesmo quando já tinha vencido, os ataques ficaram mais agressivos. Existe outra razão? Não.”

Para Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), a importância que os então presidenciáveis deram a temas religiosos “incentivou homofóbicos a saírem do armário”. Ele diz que a repercussão dos casos das últimas semanas levou a entidade a considerar ações judiciais para evitar campanhas de homofobia no país.

Liberdades
“Não foi só isso, somos perseguidos há séculos. Mas as eleições deram holofotes a quem diz que homofobia é questão de liberdade de expressão. Não é. O que eles fazem é incentivar o ódio”, afirma Reis. “Temos que mediar esse debate, ir para o campo da racionalidade. A política teria esse papel, ainda mais nas eleições. Mas nem Dilma nem Serra falaram contra isso como deviam. Foi como se nós não existíssemos.”

Presidente do GGB (Grupo Gay da Bahia), um dos mais atuantes no país, Marcelo Cerqueira afirma que não há um movimento articulado contra os homossexuais no país, mas diz se preocupar com a adesão de jovens a mensagens preconceituosas nas últimas semanas. “Existe uma herança cultural e religiosa que sempre nos considerou um problema. Mas o clima acirrado da campanha realmente não ajudou”, afirma.

Ele também acredita que as reações violentas das últimas semanas tenham ligação com o clima de liberdade para os homossexuais no Brasil, que, por sua vez, gera uma “reação conservadora, sem entidades, mas de pessoa para pessoa”. “E isso ganha destaque maior quando um candidato a presidente conhecido como o Serra coloca na TV para pedir votos um homem conhecido por defender a homofobia”, diz.

Esse homem, citado por todas as lideranças gays, é o pastor Silas Malafaia, da igreja neopentecostal Assembleia de Deus - Vitória em Cristo. O religioso começou a campanha presidencial pregando voto em Marina, mas na reta final do primeiro turno aderiu ao tucano. Participou de programas do ex-governador paulista na televisão e seus vídeos com críticas a homossexuais ganharam mais visibilidade na internet.

Episódios homofóbicos
No domingo (14) de manhã, um grupo formado por quatro menores e um jovem de 19 anos, todos de classe alta, agrediu com socos, chutes, pauladas e lâmpadas fluorescentes três pedestres que caminhavam na avenida Paulista. Agressão foi motivada pelo fato de as vítimas serem ou estarem acompanhadas de homossexuais.

Também no domingo, um estudante de 19 anos foi agredido verbalmente e baleado por um militar do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Os sargentos Ivanildo Ulisses Gervásio e Jonathan Fernandes foram presos pelo Exército. A agressão ocorreu logo após o fim da Parada Gay carioca.

Na quinta-feira (18), foi ativado no Twitter o perfil @HomofobiaSIM, que defende abertamente a discriminação e a violência a homossexuais e mulheres. Em apenas um dia, o perfil, que diz existir "pela moral e família", angariou mais de 15 mil seguidores.

Outro episódio que indignou associações LGBT foi a recente publicação, na página daU niversidade Presbiteriana Mackenzie–uma das mais tradicionais de São Paulo–, de um texto assinado pelo chanceler Augustus Nicodemus Gomes Lopes. No manifesto, a instituição diz que é contra a aprovação da lei que pune a homofobia "por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia".

Segundo os últimos dados do Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais (LGBT), publicado pelo GGB e divulgado em março deste ano, foram registradas 387 mortes em todo o território brasileiro em 2009 e 2008 –média aproximada de um crime a cada dois dias –, um crescimento de aproximadamente 54% em relação ao biênio 2006-2007.

A cantora e ativista Vange Leonel, que participou de um ato em São Paulo na última sexta-feira (19), afirmou que as “agressões a homossexuais sempre aconteceram” e o que mudou é que há mais “visibilidade” aos casos de homofobia. “À medida que nos expomos mais nas ruas, a reação a isso aumenta também.”

fonte: UOL

São Paulo: Manifestação contra homofobia reúne 200 pessoas na Av Paulista

Estimativa é da PM, que acompanhou o protesto deste domingo (21). Agressão a rapazes na Paulista no dia 14 motivou a manifestação.

paulista-2Integrantes de vários movimentos LGBT e simpatizantes, que promoveram uma passeata de repúdio contra a homofobia na tarde deste domingo (21) na Avenida Paulista, afirmaram que a manifestação, motivada pela agressão contra três rapazes, é pertinente ainda que duas das vítimas não tenham se declarado homossexuais à reportagem do G1. A agressão ocorreu no dia 14 deste mês. Uma semana depois, cerca de 200 pessoas participaram da passeata, de acordo com estimativas de Policiais Militares que acompanharam o protesto.

“Há quem seja vítima de homofobia mesmo não sendo homossexual. O protesto é de repúdio às agressões e à homofobia latente na nossa sociedade”, afirmou, ao G1, Trina Bacci, da Associação Brasileira de Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

"Atualmente, os ataques estão sendo contra o diferente porque eles se sentem autorizados a bater em quem eles acreditam que sejam homossexuais", disse Marcelo Gil, da ABCDS, organização engajada na luta pela diversidade.

paulista-3Nesta semana uma petição foi encaminhada a autoridades pedindo para que elas não fiquem indiferentes a mais esse caso de agressão gratuita. “Independentemente deles serem ou não homossexuais, o que motivou a agressão foi acharem que se tratavam de homossexuais, como disseram as testemunhas”, disse o advogado Eduardo Piza Gomes de Melo, do Instituto Edson Neris.

Os manifestantes se reuniram no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e caminharam por duas faixas da Avenida Paulista até o local onde ocorreram as agressões, nas proximidades da Estação Brigadeiro.

fonte: G1

Agressões a gays partem, muitas vezes, da família

Renata vive com um rim a menos. Andréia, com tranquilizantes na mesma caixinha onde guarda os remédios que a preparam para a cirurgia de mudança de sexo. Victor tem a certeza de que o silêncio de quem não denuncia faz a violência aumentar. Os três homossexuais são personagens de uma mesma faceta da intolerância: foram vítimas de agressões motivadas por homofobia.

“Fiquei três meses muito mal, porque queria entender o motivo da violência e não achava explicação”

Quatro anos após receber um chute tão forte que causou uma hemorragia interna e o obrigou a extrair um rim, o travesti Renata Perón diz que sente pena dos jovens que o agrediram na Praça da República, Centro de São Paulo, onde homossexuais se reúnem. E afirma que restam só as sequelas físicas da perda de um órgão. As psicológicas, segundo ele, foram superadas:

- Não tenho ódio deles. Fiquei três meses muito mal, porque queria entender o motivo da violência e não achava explicação. Simplesmente por puro prazer, fizeram essa maldade - diz Renata, de 33 anos, registrada como Sérgio Carlos Pessoa.

Renata passou por uma cirurgia e precisou fechar o salão de beleza temporariamente. Hoje, faz shows em que canta e dança. Mas, sem um rim, não consegue ficar em pé por muitas horas e diz que seu corpo levou um ano para se acostumar à nova condição. Agora, aguarda que a Justiça julgue o pedido de indenização que fez ao Estado, alegando que o local onde foi agredido é conhecido ponto de ataques homofóbicos. Ganhou em primeira instância, o estado recorreu.

Pastor, professor e gay, Victor Orellana, de 39 anos, também foi agredido num ponto de encontro de homossexuais na Zona Norte de São Paulo. Estava com um amigo quando um homem de cerca de 35 anos perguntou se eram gays e começou a socá-lo. Victor procurou policiais que não deram importância ao caso e liberaram o agressor.

No caminho para casa, Victor foi atacado de novo pelo mesmo homem, dessa vez com uma pedra.

- O silêncio da sociedade faz com que mais agressões aconteçam, que o preconceito aumente - disse Victor.

Muitas vezes, os delitos ligados à homofobia são cometidos pela própria família da vítima. Foi o caso do travesti Andréia Ferraresi, 67 anos. O cabeleireiro diz ter sofrido duas agressões, a mais recente, da cunhada, em maio; outra, há cerca de dez anos, por PMs, quando esperava atendimento num hospital da corporação no Espírito Santo:

- Primeiro, ela (minha cunhada) me agrediu com uma jarra de plástico e cortou meus lábios. Depois, chegou bêbada e me bateu muito. Meu irmão já me agrediu com um cinto no rosto - disse Andréia, que denunciou a cunhada e o irmão à polícia e se prepara para uma cirurgia de mudança de sexo. - Meu irmão diz que quero ser uma coisa que não sou. Eles não me respeitam. Dizem: "Respeitar você? Por quê? Você não é gente".

fonte: Extra Online

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