De 1937 a 1945, cerca de 500 homens usavam o triângulo rosa no campo de concentração de Buchenwald, na Alemanha. Era assim que os nazistas identificavam os homossexuais, principalmente efeminados. Entre eles, estava Rudolf Brazda, filho de pais tchecos, deportado para lá por ser gay. Ficou preso durante 32 meses. Último sobrevivente homossexual de Buchenwald, ele conta agora sua história no livro "Triângulo Rosa", lançamento da Mescla Editorial.
No campo de concentração, os gays eram usados como cobaias. No fim de 1944, o médico dinamarquês Carl Vaerner, nazista convicto, testava tratamentos de "inversão da polaridade sexual" com homossexuais.
"Sua especialidade? O implante de uma glândula artificial na virilha do sujeito para liberar hormônios aí. Ele tem esperança nos efeitos positivos sobre a preferência sexual de suas cobaias", relata o livro na página 128.
Quem portava o triângulo rosa e soava efeminado era a presa preferida dos abusos sexuais no campo de concentração. Não precisava nem ser gay.
"Nos dormitórios, não raro um preso desliza de um leito para o outro, homossexual ou não. Quando não pertencem ao mesmo barracão, certos prisioneiros podem também se encontrar durante o dia. É o caso daqueles que trabalham fora do campo e são menos vigiados, como os telhadores. Os telhados, as dependências, as escadas podem tornar-se um local propício para os contatos sexuais", narra a obra na página 134.
O sobrevivente conta que havia relações consentidas e que só poucos prisioneiros se ofendiam de verdade. Era preciso não chamar atenção, a fim de evitar ser surpreendido pela SS (guarda nazista). A SS supeitava de atos homossexuais entre os prisioneiros, mas não os toleravam, pois eram considerados uma violação do regulamento do campo.
Histórias sobre as humilhações e insultos que os gays sofriam em Buchenwald acrescentam um capítulo terrível sobre o Holocausto, abordando um assunto antes tabu nos tradicionais relatos sobre os crimes nazistas. "Triângulo Rosa" vai além de narrar apenas a experiência emocionante de um único sobrevivente. Também ilustra como o ódio aos homossexuais naquele tempo sinistro da história ainda se assemelha muito com os recentes casos de homofobia no mundo.
fonte: Folha.com
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