sexta-feira, 28 de maio de 2010

‘Beijaço’ gay da UnB vira bate-boca com defensores do ‘orgulho hétero’

Estudante afirma ter sido ameaçada de espancamento. Universidade estuda criar campanha contra homofobia

Alunas da UnB fizeram beijaço para protestar contra homofobia. Elas cobram medidas da Reitoria Um ‘beijaço’ organizado por estudantes gays da UnB (Universidade de Brasília) na última quinta-feira (27) terminou em bate-boca com autodenominados defensores do ‘orgulho hétero’. Uma participante da manifestação disse que foi ameaçada de espancamento e procurou a Polícia para registrar ocorrência.

Segundo a universitária, que pediu para não se identificar, uma ligação em seu celular de número não identificado a ameaçou durante a manifestação. “Era voz de um homem, que me chamou de lésbica, disse que sabe meu nome e que vai me espancar para eu aprender”, disse a jovem, aos prantos à assessoria de imprensa da UnB.

O beijaço reuniu mais de 300 estudantes e teve por objetivo cobrar da Reitoria medidas contra a homofobia. “Queremos o direito de nos beijar em qualquer dia e lugar. Com amor, sem amor, com tesão ou sem tesão. Existem outras formas de amor”, disse Guaia Martino, estudante de Serviço Social

Enquanto produziam faixas e improvisavam instrumentos musicais para a marcha em direção à reitoria, os manifestantes foram surpreendidos por um grupo que carregava um cartaz escrito “Orgulho Hétero”. Notícia publicada no site da universidade afirma que o grupo tinha aparência de ‘skinhead’ – cabeça raspada e coturnos.

Houve bate boca entre os manifestantes.  “Não sou contra os homossexuais, sou a favor dos heterossexuais”, disse o estudante de Estatística Rafael L..

Trote
Os manifestantes fizeram uma passeata colando adesivos e bandeiras nos Centros Acadêmicos acusados de promover trotes homofóbicos. No CA da Agronomia, foi pregada um bandeira colorida na placa do centro.

“Para nós, o ato é legítimo desde que respeite símbolos democraticamente constiuídos. Feito dessa forma, só ajuda criar rivalidades", afirmou a presidente do CA, Emanuele Caradoso.

A Faculdade de Tecnologia, outro alvo de queixas de estudantes gays, também teve adesivos coloridos colados na porta. “Os cursos que usam o trote para fazer apologia ao machismo e o preconceito se concentram aqui. A universidade não aceita a homofobia”, afirmou Luiza Oliveira, estudante de Ciências Sociais.

“É errado generalizar que todos aqui são preconceituosos. O trote é uma brincadeira”, argumentou o aluno Lohan Arrais, da Engenharia de Redes.

De lá os manifestantes seguiram para a Reitoria. “Queremos uma posição institucional da UnB contra homofobia. É inconcebível esse tipo de atitude em uma universidade”, disse Luíza.

"Tomamos nota dos encaminhamentos, que serão debatidos  em reuniões sobre as formas de combater o preconceito", afirmou a professora Rachel Nunes, a Decana de Assuntos Comunitários.

Segundo a professora Rachel, a UnB estuda criar uma agenda institucional de ações de combate à homofobia. "Vamos conversar também sobre uma outra proposta deles, que é a criação de um centro de referência LGBT", afirmou.

fonte: Guia do Estudante

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