Emile Griffith, de 75 anos, sofria de “demência pugilística”, e ficou marcado por morte de adversário cubano, que o teria insultado, após luta em 1962
Emile Griffith, campeão mundial e primeiro boxeador a assumir ser bissexual, morreu nesta terça-feira aos 75 anos, após luta contra doença chamada “demência pugilística”, que travava numa clínica em Hempstead, Nova York. Griffith foi ainda o primeiro pugilista das Ilhas Virgens a se tornar campeão do mundo, e em 1990 entrou para o Hall da Fama do boxe.
- Emile era um atleta talentoso e realmente um grande boxeador. Fora do ringue ele era um gentleman. Ele sempre tinha tempo para os fãs de boxe ao visitar o salão, e foi um dos lutadores mais populares para voltar ano após ano. Ele era uma pessoa divertida e as bandeiras estão sendo baixadas agora - declarou o diretor do Hall da Fama Ed Brophy.
Num livro publicado em março de 2008 pelo seu amigo e biógrafo Ron Ross, chamado "Nine... Ten... And Out!", Emile Griffith admitiu sua bissexualidade. Antes disso, em 2005, a revista americana Sports Illustrated relatou que Griffith teria sido vítima de um insulto homossexual antes da luta histórica com o cubano Benny "Kid" Paret, em 1962, que terminou na morte do rival. Ao longo dos anos, Griffith também se descreveu em vários momentos como hétero, gay e bissexual.
No dia 24 de março de 1962, o lutador viveu um dos dias mais difíceis de sua carreira, num episódio que marcou o boxe mundial. Griffith nocauteou seu rival no décimo segundo round para recuperar o título meio-médio, com 21 golpes consecutivos em Paret, que era sustentado apenas pelas cordas. O cubano entrou em coma e morreu dez dias mais tarde. O massacre foi acompanhado ao vivo por cerca de 14 milhões de telespectadores. O boxeador relembrou anos depois como foram os dias seguintes à morte de Paret.
- As pessoas cuspiam em mim na rua. Ficamos em um hotel. Toda vez que havia uma batida na porta, eu corria para a sala. Fiquei muito assustado - disse Griffith à Associated Press em 1993.
O desfecho do trágico episódio levou à interrupção das transmissões das lutas de boxe na televisão, enquanto o então governador de Nova York Nelson Rockefeller criou uma comissão para investigar o esporte. O árbitro daquela noite, Ruby Goldstein, nunca mais subiu a um ringue de boxe numa luta profissional.
- Eu nunca fui o mesmo lutador depois disso. Após essa luta, fiz o suficiente para vencer. Eu nunca quis machucar o outro cara. Eu teria parado (de lutar), mas não sabia como fazer nada a não ser lutar.
Griffith se aposentou em 1977, com um cartel de 85 vitórias (23 por nocaute), 24 derrotas e dois empates. Em seguida, passaria a treinar vários campeões, incluindo Wilfred Benitez e Juan Laporte.
fonte: globoesporte.com
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