Um relatório produzido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), com a colaboração da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), indica que instituições que oferecem tratamento a dependentes químicos no país, também submetem os internos a processos de conversão da sexualidade.
De acordo com matéria publicada no jornal “O Globo” do último domingo (21), há indícios de que pelo menos seis clínicas realizam o que chamam de “libertação” de internos homossexuais.
A maioria das unidades são de orientação religiosa — evangélicas e católicas — e estão distribuídas em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe.
Segundo do relatório, na Associação Beneficente Metamorfose, em Goiás, por exemplo, “os casos de diversidade sexual são estimulados a ser libertados”.
Na Fazenda Esperança, no Sergipe, a instituição “recebe homossexuais que, por motivos pessoais, desejem se internar para tentar deixar esta orientação sexual”.
No Esquadrão da Vida, no Mato Grosso do Sul, “a instituição não permite nem a manifestação nem a prática da homossexualidade e realiza um trabalho religioso para converter o interno”.
Uma funcionária do Lar Cristão Ala Feminina, no Mato Grosso, confirmou ao jornal que a instituição aceita homossexuais que não necessariamente sejam dependentes químicos.
“No caso, é só um trabalho de libertação. São quatro cultos por dia e tem um culto à noite. Aí vai trabalhando, vai libertando”, relatou.
Pedro Paulo Bicalho, coordenador da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, ressalta o fato de a maioria dessas instituições são geridas por religiosos, e não por profissionais de Saúde.
“Esses profissionais, de um modo geral, não dizem claramente o que fazem, então é difícil identificar casos em que a identidade de gênero é violada. Mas a gente sabe que eles existem. E existem com muito mais presença e força que um relatório é capaz de identificar”, afirmou Bicalho ao jornal.
Segundo resolução do CFP, é proibido oferecer tratamento ou cura para a homossexualidade.
Em face das denúncias, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) informou que enviou o conteúdo do relatório ao Ministério Público Federal, para que sejam abertas investigações contra as clínicas e comunidades.
fonte: A Capa
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