A ministra falou no "retrocesso" que seria provocado pela eleição do deputado, que causou polêmica com comentários sobre a população negra e os homossexuais no Twitter
A ministra da Cultura Marta Suplicy disse ter ficado "indignada" com a eleição do pastor Marco Antônio Feliciano (PSC - SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), na semana passada.
Em uma conferência sobre "soft power" no Centro Brasileiro Britânico em São Paulo, a ministra falou no "retrocesso" que seria provocado pela eleição do deputado, que causou polêmica com comentários sobre a população negra e os homossexuais no Twitter.
"Fiquei indignada porque nós caminhamos para um retrocesso muito grande nos direitos humanos quando uma pessoa com esse histórico de falas contra os direitos humanos é eleita para presidir uma comissão desse nível de importância para a Câmara e para o Brasil", afirmou Marta.
Feliciano afirmou à BBC Brasil por email esperar que a ministra conheça mais sua vida e sua carreira. "Tenho o maior respeito pela Ministra Marta Suplicy, uma mulher com uma biografia impecável a favor dos menos favorecidos, e só espero que ela se quiser conheça minha vida ministerial dentro e fora da Igreja com milhares de pessoas ouvindo a Palavra de Deus que cura feridas da alma através de minhas mensagens", afirmou.
"Aprendi no Evangelho de Cristo que ao ser esbofeteado ofereça a outra face", disse.
Porém, em 2011, Feciliano chegou a escrever em sua conta de Twitter: "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição". Afirmou ainda que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé".
Classificado como "racista" e "homofóbico" por movimentos sociais, o pastor afirmou ter sido mal interpretado e fala em perseguição e preconceito por ser pastor evangélico.
Em entrevista essa semana, o deputado disse que "não se pode medir um homem com 140 caracteres de Twitter" e afirmou que "nunca praticou violência contra quem quer que seja".
'Mancha para o Congresso'
É uma mancha para o Congresso a eleição de alguém com esse perfil para essa posição", disse a ministra da Cultura, conhecida pela defesa dos direitos LGBT.
"Quanto mais ele se explica, mais agride às comunidades, mostrando o quão distante ele está da compreensão do que é presidir uma comissão dessa importância."
Na segunda-feira, uma carta aberta assinada por lideranças evangélicas pediu a escolha de um novo parlamentar que possa presidir "a CDHM com a isenção esperada".
A carta é assinada por líderes religiosos de igrejas como a Presbiteriana, a Batista e a Assembleia de Deus, da qual Marco Feliciano faz parte.
O pastor foi eleito por 11 votos na CDHM, um a mais do que o necessário para ser eleito. A comissão é formada por 18 parlamentares, mas somente 12 estavam presentes na votação. Momentos antes, deputados do PT e do Psol deixaram a sessão em protesto.
O partido de Feliciano conseguiu maior representatividade na CDHM depois que deputados do PMDB, do PSDB e do PP cederam cinco vagas no grupo a parlamentares do PSC. De acordo com a Agência Brasil, parlamentares ligados à defesa dos direitos humanos buscam meios de anular a eleição.
Segundo a deputada Erika Kokay (PT-DF), a concessão de vagas deixou o PMDB, o PSDB e o PP sem representação, o que "fere o princípio da proporcionalidade e a vontade do povo ao eleger seus representantes".
No último fim de semana, manifestantes realizaram protestos em diversas capitais do país em protesto contra a eleição de Feliciano.
fonte: Terra
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