Operador de telemarketing levou golpe na cabeça. Ele e amigo foram vítimas de agressão após sair de boate gay.
O operador de telemarketing Gilberto Tranquilini da Silva e um colega dele, ambos de 28 anos, que foram vítimas de uma agressão nas proximidades do metrô Brigadeiro, na Avenida Paulista, na madrugada de sábado (4), prestaram depoimento nesta segunda-feira (6) no 5o Distrito Policial, na Liberdade, na região central da capital. Eles acreditam que o ataque foi motivado por homofobia.
No sábado, eles foram a uma boate gay na Rua dos Ingleses, na Bela Vista, na região central da capital. Ao deixar a boate, o amigo de Gilberto, que é estudante e pediu para não ser identificado, estava passando um pouco mal e pediu a ajuda do operador de telemarketing para chegar caminhando até o metrô. Eles estavam de mãos dadas quando se depararam com um grupo de quatro rapazes e duas moças na altura da Avenida Brigadeiro Luís Antônio.
“Eles gritaram: 'desgruda, desgruda'”, contou Gilberto. Depois disso, um rapaz empurrou o estudante, derrubando-o. “Eles deram vários chutes até o sangue escorrer da boca dele”, contou. Pouco mais à frente, o estudante desmaiou. Gilberto declarou ter levado uma “voadora na cabeça”.
O operador de telemarketing descartou que os agressores fossem skinheads, grupo conhecido por promover ataques contra homossexuais e nordestinos. “Estavam com roupas normais. Um tinha o cabelo com luzes e usava bermuda de surfista”, declarou.
Gilberto disse que considera importante que as pessoas que forem vítimas de ataques semelhantes denunciem. “Só porque somos homossexuais não podemos andar de mãos dadas? Eu peço [para as vítimas de homofobia] que denunciem”, afirmou o operador de telemarketing quando chegava à delegacia.
Agressão gratuita
Ao chegar para depor, o estudante agredido afirmou que ainda está muito abalado. “Eu apanhei sem saber qual era o motivo pelo qual eu estava apanhando. Só pelo fato de eu ser gay? Só por isso eu apanhei. Estou muito abalado psicologicamente com tudo isso. (...) Foi muito covarde”, afirmou o rapaz.
O estudante afirmou que os agressores eram bastante violentos.“Na hora que eu caí no chão e desmaiei. Eu levei chutes, pontapés. Eles estavam com muita raiva mesmo e eu não sei qual era o motivo. [Bateram-nos] Só porque eu e meu amigo estávamos de mãos dadas”, declarou.
O rapaz ficou com a boca ferida na agressão e perdeu parte do aparelho que usa nos dentes. Apesar de não ter muitas marcas no rosto, ele disse que não sabe se ainda vai andar pela Paulista. “[Nesse momento a agressão] Dói mais na alma e no coração”, declarou.
Logo após a agressão, os dois foram levados para o hospital e, por isso, tiveram que voltar à delegacia nesta segunda. A polícia trata o caso como lesão corporal e tenta localizar câmeras de segurança que possam auxiliar na investigação. Os investigadores ainda não têm pistas dos agressores.
O caso foi registrado pelo 5o DP, o mesmo distrito policial que registrou ataques feitos por um grupo de rapazes na Avenida Paulista, em 14 de novembro. Em um dos ataques, os garotos utilizaram uma lâmpada para ferir uma das vítimas no rosto. Pelo menos três pessoas ficaram feridas. Quatro suspeitos, adolescentes, foram internados na Fundação Casa. Um rapaz de 19 anos, também suspeito de participar do mesmo ataque, continua em liberdade.
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