Artistas como Manuel Proenza, que se apresenta como travesti há 21 anos, se mostravam satisfeitos com a recepção do público, que, além de gays, incluía casais, idosos e famílias com crianças.
Proenza, também conhecido como Mari Dalia, lembrou que era comum que travestis fossem presos ou multados no começo de sua carreira em Cuba.
"Para o governo, o que fazíamos não era arte, e sim coisa de afeminados", conta. "A polícia nos pegava em qualquer lugar, nos prendia e nos multava, só porque estávamos fazendo nossa arte. Amo Cuba e não tenho nada contra o governo, mas cometeram muitos erros conosco, que só agora estão reparando."
Ele conta ainda que, durante anos, as atividades dos transformistas eram clandestinas. Os espetáculos eram privados e o acesso dos profissionais a teatros e centros culturais era proibido.
No entanto, as coisas parecem ter mudado no país. Além do reconhecimento oficial como artistas, os travestis deixaram de ser perseguidos pela polícia.
"Agora nos consideram artistas. Vamos aos teatros e os artistas cubanos trabalham conosco", diz Manuel Proenza.
Proenza já participou de três filmes cubanos, incluindo Habana Blues, de 2005, que ganhou prêmios na Espanha e nos Estados Unidos. Mas ele diz que nem sempre é possível encontrar oportunidades de trabalho.
Com pouco trabalho, segundo Proenza, é difícil arcar com os altos custos da profissão: estojos de maquiagem custam cerca de US$ 25, perucas valem no mínimo US$ 100 e um vestido feito sob encomenda custa pelo menos US$ 80.
Apesar da recepção entusiasmada do público, que canta, aplaude e tira fotografias do espetáculo, Proenza, já transformado em Mari Dalia, disse à reportagem da BBC que muitos cubanos ainda desrespeitam os travestis.
"Os cubanos tem muito o que aprender sobre os homossexuais, pessoas que são agredidas sem que tenham feito nada a ninguém."
fonte: UOL
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