O canal de TV fechado "Viva" começa a partir desta segunda-feira (4 de outubro) uma reprise revolucionária: a novela "Vale Tudo", produzida pela Rede Globo e originalmente exibida entre maio de 1988 e janeiro de 1989.
A novidade foi saudada com euforia por fãs e nostálgicos da TV brasileira. "Vale Tudo" é até hoje considerada uma das novelas mais importantes da história da dramaturgia nacional, sendo frequentemente citada em listas das melhores novelas de todos os tempos - ficando sempre em segundo lugar, perdendo o posto de primeira para "Roque Santeiro" (85/86).
Enquanto "Roque..." está sendo lançada no mercado em box com 16 DVDs pela Globo Marcas, "Vale Tudo" chega para exibição no "Viva" - canal ligado, claro, à própria Globo. Enfim, parece que as novelas antológicas realizadas nas décadas de 70 e 80 começam a tornar-se mais acessíveis aos colecionadores.
"Vale Tudo" é uma novela que, mais de 20 anos depois, continua atual - afinal, mostra um Brasil decadente, dominado por tubarões econômicos, políticos corruptos, crimes do colarinho branco, empresários calhordas e populares se dividindo entre os honestos e os oportunistas desonestos. Alguma semelhança com 2010 às portas da eleição? - ironicamente, a novela entra no ar um dia depois do domingo eleitoreiro.
Através da história da batalhadora Raquel (Regina Duarte), duelando com sua filha mau caráter Maria de Fátima (Glória Pires), os autores Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères montam um mosaico do país, com seus diversos tipos e representações.
Não faltam detalhes antológicos que entraram para o imaginário coletivo: a vilã esnobe Odete Roitman (Beatriz Segall), a alcoólatra Heleninha (Renata Sorrah), o bofe César Ribeiro e suas sungas cavadíssimas (Carlos Alberto Ricelli), o charme irresistível da editora de modas Solange Duprat (Lídia Brondi), a trilha sonora arrasadora - dominada por Cazuza: na abertura, Gal Costa canta "Brasil", composta pelo cantor em parceria com George Israel e Nilo Romero, e o próprio Cazuza canta "Faz Parte do Meu Show", tema de Solange.
E em matéria de temática gay, a novela também foi ousada: o casal de lésbicas Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheizelin) foi um dos pioneiros na TV. Cecília morre na primeira fase, dando margem à discussão sobre herança e parceria civil - o irmão dela, o explorador Marco Aurélio (Reginaldo Faria) tenta impedir que Laís herde a pousada que as duas gerenciavam em Búzios. Mais tarde, entra na história Marília (Bia Seidl), para fazer par romântico com Laís.
Isso sem falar no último capítulo, que reserva uma subtrama absolutamente gay: a entrada em cena do príncipe italiano Giovanni (interpretado pelo hoje ex-líder do Clube das Mulheres, Marcos Manzanno), para um desfecho inesquecível. Quem não viu ou não tinha nascido, ou ainda não rastreou a novela no YouTube e nos sites de download da vida, não deve perder.
"Vale Tudo" será exibida à 0h45, de segunda a sexta, com reprise as 12h.
fonte: A Capa
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