O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP) concordou com a supressão puberal a partir dos 12 anos, terapia hormonal a partir dos 16 anos, conforme se faz nos Estados Unidos, dos jovens e adolescentes transgêneros. A decisão foi tomada em reunião na capital paulista realizada na última segunda-feira, 1 de abril.
Isso modifica a atual realidade de jovens trans, que devem esperar ater seus 18 anos para iniciar o tratamento com os hormônios e adequarem seu corpo a sua identidade de gênero. “Alguns até podem achar que a atitude foi tímida, que deveria ser a partir dos 13 anos, mas, para Brasil, foi uma conquista e tanto, já que há possibilidade de bloqueio da puberdade a partir dos 12 anos”, comemora Edith Modesto, do Grupo de Pais de Homossexuais (GPH).
O Grupo foi o organizador da reunião que definiu a nova idade para o início do tratamento, com o apoio do Centro de Referência e Treinamento – DSTs – AIDS da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. “Agora, basta aguardarmos a mudança das resoluções do CFP – Conselho Federal de Psicologia”, finaliza Edith.
Abaixo, a íntegra da ata da reunião que mudou a realidade dos e das jovens trans em São Paulo:
Ata da reunião, escrita por Dra. Maria Clara Gianna (CRT):
Em reunião realizada no CRT-DST-AIDS com a participação da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Ambulatório AMTIGOS do Instituto de Psiquiatria do HC, Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do CRT-DST-AIDS, GPH-Grupo de Pais de Homossexuais (Projeto Purpurina) e a usuária Hannah Becher foi apresentado o parecer do CFM N°08/13, datado de 22 de fevereiro de 2013, que propõe:
- o adolescente com transtorno de identidade de gênero deve ser assistido em centro dotado de estrutura que possibilite o diagnóstico correto e a integralidade da atenção de excelência, que garanta segurança, habilidades técnico-científicas multiprofissionais e suporte adequado de seguimento;
- essa assistência deve ocorrer o mais precocemente possível, iniciando com intervenção hormonal quando dos primeiros sinais puberais, promovendo o bloqueio da puberdade do gênero de nascimento ( não desejado );
- aos 16 anos, persistindo o transtorno de identidade de gênero, gradativamente deverá ser induzida a puberdade do gênero oposto. Para os jovens, a administração de 17 B estradiol oral (hormônio feminino ) e para as jovens, a de testosterona intramuscular ( hormônio masculino), conforme os protocolos detalhados no corpo deste parecer.
Estabelecemos que os adolescentes e jovens serão encaminhados para o Ambulatório-AMTIGOS como referência para sua assistência a saúde integral.
O Projeto Purpurina será referência como apoio sócio-familiar para os jovens e a família
Discutimos a despatologização e a necessária humanização do atendimento a Travestis e Transexuais
Próxima reunião agendada para o dia 5 de agosto de 2013 no IpQ do HC 4° andar.
fonte: MixBrasil
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