Projeto dá às diversas religiões a escolha de celebrar ou não as uniões. Exceção é igreja anglicana, em que tais celebrações permanecerão ilegais.
Os deputados britânicos votarão nesta terça-feira (5) o projeto de lei que autoriza o casamento homossexual e que causa discordâncias dentro do partido conservador, embora tenha grandes chances de ser aprovado graças ao apoio dos liberais-democratas e dos trabalhistas.
Alguns dias após a aprovação do casamento gay pelos deputados franceses em meio a polêmicas, seus colegas britânicos vão se pronunciar sobre o texto que foi apresentado pela primeira vez no último 24 de janeiro. Depois, o projeto de lei segue para a Câmara dos Lordes (câmara alta do parlamento).
O projeto britânico permite que casais do mesmo sexo se casem legalmente e dá às diversas religiões a escolha de celebrar ou não as uniões homoafetivas. A exceção é a igreja anglicana, dominante no país, onde tais celebrações permanecerão ilegais.
A reforma - promessa de campanha dos liberais-democratas, parceiros dos conservadores no governo de coalizão - também dará oportunidade às pessoas que querem mudar de sexo de optaram por isso enquanto casadas, o que era, até o momento, ilegal.
Do ponto de vista dos direitos parentais, o casamento homossexual é essencialmente simbólico, já que casais do mesmo sexo, que beneficiam de um acordo civil desde 2005, já têm o direito à adoção de crianças. A prática de barriga de aluguel é legalizada no Reino Unido desde que não tenha fins lucrativos.
A reforma é amplamente apoiada pela oposição trabalhista e a opinião pública. Diferentemente da França, na Inglaterra o debate ainda não provocou manifestações populares.
Publicada no último domingo, pesquisa realizada pelo instituto YouGov com 2.030 britânicos na quinta e sexta-feira da semana passada mostra que 55% dos entrevistados são favoráveis ao casamento gay, enquanto 36% se diziam contra.
Os resultados confirmam os da consulta feita pelo governo entre março e junho de 2012, que recolheu 228.000 respostas, entre as quais 53% eram favoráveis ao casamento de pessoas do mesmo sexo e 46% que eram contrárias.
É com base nestes resultados que o governo conservador decidiu, em dezembro, submeter o projeto de lei ao parlamento.
O primeiro-ministro, David Cameron, já declarou ser pessoalmente a favor da reforma, o que causou feroz oposição de uma facção do seu partido. Do total de 303 deputados conservadores, entre 130 e 200 devem se opor ou se abster no momento da votação nesta terça-feira, segundo a imprensa britânica.
Para o Sunday Telegraph (próximo aos conservadores), David Cameron corre o 'risco de divórcio' com seu próprio partido ao apoiar um projeto contestado e que não figurava entre suas promessas de campanha e, ao mesmo tempo, não respeitar seu engajamento de colocar em prática um abatimento fiscal para os casados.
O jornal dominical publicou também uma carta aberta dirigida ao primeiro-ministro e assinada por 25 responsáveis locais conservadores em que pedem ao governante que adiem a votação, temendo 'importantes desgastes no partido conservador com a aproximação das eleições de 2015'.
Segundo avalia o governo, o casamento homossexual poderia trazer até 14,4 milhões de libras esterlinas (16,8 milhões de euros) aos cofres britânicos, graças aos gastos com festividades, venda de bolos e diárias de hotéis.
Em contrapartida, as autoridades devem gastar dois milhões de libras (2,3 milhões de euros) para atualizar os sistemas de informática a fim de registrar corretamente os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Nesta terça, os deputados conservadores poderão votar de acordo com sua consciência, já que o governo afirmou que não haveria instruções restritivas por parte do partido.
fonte: G1
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