A edição dessa semana traz um artigo de J.R. Guzzo chamado "Parada gay, cabra e espinafre".
O colunista tenta a princípio desviar o teor homofóbico do seu texto (palavra cujo uso nesses termos ele próprio considera inapropriada), argumentando que os homossexuais se afastam cada vez mais da sociedade na tentativa de buscarem seus direitos enquanto cidadãos e lutarem pela criminalização da homofobia.
"Já deveria ter ficado para trás no Brasil a época em que ser homossexual era um problema", é com essa frase que Guzzo começa seu texto. O colunista faz uma passagem pela história do polêmico kit-gay, que segundo ele sugeria "aos estudantes que a atração afetiva por pessoas do mesmo sexo é a coisa mais natural do mundo".
"Para a maioria das famílias brasileiras, ter filhos ou filhas gay é um desastre - não do tamanho que já foi, mas um drama do mesmo jeito", continua o senhor Guzzo.
Na lógica de Guzzo, os gays não merecem ter direitos específicos. "De tanto insistirem que os homossexuais devem ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos, ou como uma espécie ameaçada, a ser protegida por uma coleção cada vez maior de leis, os patronos da causa gay tropeçam frequentemente na lógica". Lógica essa, que seria a integração com a sociedade.
Mais adiante, o colunista tenta distorcer os fatos com relação ao número de homossexuais assassinados no Brasil. "Entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em 2010 no Brasil. Mas, num país onde se cometem 50000 homicídios por ano, parece claro que o problema não é a violência contra os gays: é a violência contra todos. Os homossexuais são vítimas de arrastões em prédios de apartamen¬tos, sofrem sequestros-relâmpago, são assaltados nas ruas", diz Guzzo.
É óbvio que esses tipos de crime existem contra gays, mas, com esse texto, o colunista tenta abafar os inúmeros casos de homossexuais que são agredidos e mortos pelos simples fato de serem homossexuais. Para ele, não há necessidade de uma lei que criminalize a homofobia.
"Não há um único delito contra homossexuais que já não seja punido pela legislação penal existente hoje no Brasil. Como a invenção de um novo crime poderia aumentar a segurança dos gays, num país onde 90% dos homicídios nem sequer chegam a ser julgados?".
O fato é que a se existe a necessidade da lei, é porque existe uma demanda para isso. Do mesmo modo que a ocorrência dos crimes contra os negros e as mulheres só diminuíram, depois que foram criadas a lei do racismo e a lei Maria da Penha.
"Se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum", afirma o colunista, fazendo referência ao discurso dos religiosos homofóbicos, em especial, os evangélicos. O discurso pode não ser um crime, mas está incitando o ódio e a violência contra os homossexuais, ideia que se for inserida numa mente desequilibrada, pode gerar a violência.
Os argumentos de Guzzo perdem a lógica total quando ele entra na questão do casamento gay. "O casamento, por lei, é a união entre um homem e uma mulher; não pode ser outra coisa. Pessoas do mesmo sexo podem viver livremente como casais, pelo tempo e nas condições que quiserem. Podem apresentar-se na sociedade como casados, celebrar bodas em público e manter uma vida matrimonial. Mas a sua ligação não é um casamento - não gera filhos, nem uma família, nem laços de parentesco", elucida este senhor.
Suas boas intenções na tentativa de "dar dicas" aos gays de como eles devem tentar se inserir na sociedade, acabam comparando a homossexualidade à zoofilia (prática de sexo com animais), o incesto e à pedofilia.
"Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar. Não pode se casar com a própria mãe, ou com uma irmã, filha, ou neta, e vice-versa. Não pode se casar com uma menor de 16 anos sem autorização dos pais, e se fizer sexo com uma menor de 14 anos estará cometendo um crime. Ninguém, nem os gays, acham que qualquer proibição dessas é um preconceito. Que discriminação haveria contra eles, então, se o casamento tem restrições para todos?", diz J.R. Guzzo.
É triste ver um veículo do tamanho da revista "Veja" e da sua influência sobre a população brasileira, publicar um artigo desse nível. Disfarçado sob um outro olhar do atual momento da comunidade gay no Brasil, mas cheio do ranço preconceituoso que existe na nossa sociedade.
fonte: A Capa
Véio tá sabendo sobre as cabras, hein... Tá pegando!!!
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