Um impasse provocou o adiamento da votação da proposta de legalização do casamento gay no estado de Nova York, prevista para esta sexta-feira.
O placar dos votos declarados apontava um empate — 31 a 31 —, mas os senadores estaduais republicanos, que são a maioria, citaram preocupações com a liberdade religiosa para evitar colocar o texto em votação. Nova York seria o sexto estado americano, além do Distrito de Columbia, a aprovar o casamento de homossexuais.
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos Católicos dos EUA e arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, aumentou ontem a pressão dos religiosos em entrevista a uma estação de rádio na qual definiu o casamento homossexual como injusto, imoral e “uma violação das leis naturais”.
— Somos realistas, sabemos que as forças que empurram esse projeto são muito fortes, muito bem azeitadas, bem financiadas. Mas o jogo não está decidido. Há uma boa chance de que a lei não passe este ano — disse.
O projeto de legalização do casamento gay, apresentado pelo governador Mario Cuomo, foi aprovado na quarta-feira na Assembleia Legislativa, onde os democratas são maioria. No Senado estadual, no entanto, os republicanos têm o controle, e alegam não estar preparados para votar devido à preocupação com problemas que poderiam ser causados para instituições religiosas, como efeito colateral da legalização do casamento gay. A tese é que as igrejas poderão ser processadas por casais homossexuais que se sintam discriminados por não poderem oficializar sua união também na instituição religiosa. Levado ao extremo esse argumento, a liberdade religiosa — garantida pela Constituição dos EUA — estaria em risco.
— As pessoas precisam estar confortáveis com o que estão votando, precisam estar seguras de que não haverá consequências não pretendidas com esta lei — disse o senador estadual Dean Skelos, líder da maioria republicana, ao anunciar que a votação não ocorreria na sexta.
Legislativo de NY só tem mais um dia antes do recesso
O Legislativo de Nova York terá na segunda-feira seu último dia de trabalho antes do recesso de verão, a menos que o governador faça uma convocação extraordinária. Mas o democrata Tom Duane, único senador assumidamente gay de Nova York, ainda se dizia otimista.
— Acredito que haverá senadores republicanos que votarão a favor, outros mais além dos dois que já tiveram a coragem de anunciar isso. Vamos conseguir responder às preocupações deles com a religião. Acho que vamos alcançar a igualdade no casamento este ano — disse.
Nos corredores do Senado, havia uma sensação de frustração entre os defensores da causa do casamento homossexual. Para os ativistas do movimento gay que compareceram a Albany para pressionar os parlamentares, a reabertura do debate sobre a questão religiosa foi uma manobra da oposição para atrasar a votação.
— Eles só estão querendo ganhar tempo. Se o problema fosse realmente mudar a redação do projeto para proteger as igrejas, eles teriam oferecido uma redação alternativa — disse Ron Zacchi, diretor-executivo da ONG Marriage Equality.
Outros acreditam que a proteção para as igrejas já está garantida na legislação.
— Nenhum clérigo é obrigado a casar duas pessoas, mesmo um casal heterossexual. Um casal católico nunca teria o direito de ser casado por um rabino, e vice-versa — disse Robert Voorheis, que se casou no Canadá com Michael Sabatino, seu companheiro há 33 anos.
— O casamento é um contrato com o Estado, não com a Igreja — disse Sabatino.
Jake Goodman, integrante do grupo Queers Rising, disse que a organização está preparada para ações de protesto.
— Somos os pitbulls deste movimento. Todas as opções estão sendo consideradas. Somos defensores da desobediência civil, mas sem violência — disse Goodman.
fonte: Extra Online
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